Seguidores

domingo, 27 de agosto de 2017

Poesia modernista: Temas diversos




Poesia modernista: Temas diversos

     Muito se tem falado sobre o processo de inovação desencadeado pelo primeiro tempo da poesia modernista. É bom que se tenha em mente que o que foi produzido no momento subsequente ao da Semana de Arte Moderna de 1922 é uma espécie de matriz do que viria a ser a poesia contemporânea.

     Não se trata aqui de dizer, sob o risco da simplificação, que, desde aquela época, a poesia não incorporou outros valores expressivos. O que é preciso lembrar é que foi naquele período que o próprio conceito de lirismo sofreu profundas modificações.

     A dessacralização do objeto poético foi certamente uma delas, talvez a principal. Tudo passou a ser matéria da poesia. Uma sensibilidade permeada pelo intelecto e a consciência explícita dos processos de criação literária fizeram da poesia modernista um espaço de discussão de temas pertinentes ao próprio fazer poético. A título de exemplo, lembremos poemas como "Poética" ("Estou farto do lirismo comedido..."), de Manuel Bandeira, verdadeira "carta-programa" do modernismo, ao lado das paródias de textos do romantismo e da literatura informativa sobre o Brasil, dos poemas-piada de Oswald de Andrade etc.



    A própria língua portuguesa, ferramenta básica da criação literária, foi tema de reflexão. Os conhecidos versos de "Pronominais" ("Dê-me um cigarro/ Diz a gramática/ Do professor e do aluno/ E do mulato sabido/ Mas o bom negro e o bom branco/ Da Nação Brasileira/ Dizem todos os dias/ Deixa disso camarada/ Me dá um cigarro"), de Oswald de Andrade, já discutiam à época um problema até hoje não resolvido pela gramática -pelo menos por sua vertente mais tradicional
     Na linguagem oral, a colocação do pronome átono no início do período ("Me dá um cigarro") é natural entre os falantes brasileiros do português. As gramáticas tradicionais, entretanto, ainda não incorporaram essa peculiaridade. Os modernistas, a propósito de aproximar a poesia da fala e de valorizar a arte como fator de identidade cultural, num momento de grande efervescência crítica, procuraram perceber essas idiossincrasias da dicção brasileira e agregá-las à literatura.

     Na leitura de "Amar: Verbo Intransitivo", de Mário de Andrade, é experimentada essa "língua brasileira". Os pronomes átonos, por exemplo, aparecem no início das frases, em franca atitude de rebeldia antiacadêmica.

    Os valores da cultura acadêmica, de modo geral, são questionados. Permeia o modernismo um espírito de renovação voltado para o encontro de nossas raízes.





Poesia na Segunda Geração do Modernismo

      A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo no ano de 1922, foi um divisor de águas para a Literatura brasileira. Apresentou, entre outros representantes das diversas áreas da arte, alguns dos expoentes da Literatura modernista que romperiam drasticamente com o modelo literário vigente. Nomes como Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida e Mário de Andrade exaltaram o Brasil na página literária e utilizaram à exaustão jogos primitivistas e antropofágicos.

     Em sua segunda fase, entre os anos de 1930 a 1945, a poesia modernista alargou seus horizontes temáticos e consolidou-se graças às conquistas de seus precursores. A segunda geração foi marcada pelo amadurecimento e pela ruptura com a fase polêmica de suas primeiras manifestações. A poesia continuou adotando o verso livre, mas resgatou também formas como o soneto ou o madrigal sem que isso fosse necessariamente um retorno às estéticas do passado, tão questionadas pelos poetas que ganharam projeção na Semana de Arte Moderna.

A poesia estava em sintonia com as diversas manifestações artísticas e com outras esferas culturais e, por esse motivo, é possível encontrar influências do Surrealismo e até mesmo da psicanálise, que dilataram o campo de experimentações poéticas. Podemos observar essa característica nos versos do poema “O Pastor Pianista”, de Murilo Mendes:


O Pastor Pianista
Murilo Mendes

Soltaram os pianos na planície deserta
Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
Eu sou o pastor pianista,
Vejo ao longe com alegria meus pianos
Recortarem os vultos monumentais
Contra a lua.


Acompanhado pelas rosas migradoras
Apascento os pianos: gritam
E transmitem o antigo clamor do homem


Que reclamando a contemplação,
Sonha e provoca a harmonia,
Trabalha mesmo à força,
E pelo vento nas folhagens,
Pelos planetas, pelo andar das mulheres,
Pelo amor e seus contrastes,
Comunica-se com os deuses.



    Quanto à temática da poesia modernista da segunda fase, podemos observar a preocupação dos poetas não apenas com a abordagem do cotidiano, bastante denotada naquilo que alguns estudiosos chamaram de “momento poético”, mas também com problemas sociais e históricos. Drummond apropriou-se dessas características, que podem ser observadas no poema 

“Congresso Internacional do Medo”.

Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo


   Os poetas da segunda geração do modernismo deram continuidade às conquistas dos primeiros modernistas e criaram novas possibilidades temáticas, perpetuando a nova concepção de Literatura defendida por seus antecessores e levando adiante o projeto de liberdade de expressão que possibilitou até mesmo uma revisitação da Literatura clássica.


 A Poesia nos dias atuais


Eu faço versos como quem morre.
(Manuel Bandeira)


Meu canto é chuva de tristeza e ardume,
Vindo de nuvens de agonia e amor.
Não lê meus versos se não tens queixume,
Não lê meu livro se inexiste dor.


Vulgar minha lira, de simplório canto;
Provindo d’alma toda inspiração.
Despreza o vate se te é seco o pranto
Ou rara a angústia no teu coração.


Meu livro é flor de fragrância inibida,
Meus versos pétalas de humilde flor.
Eu planto flores com a minha vida
E colho versos com a minha dor.


    Quando o assunto é poesia, a literatura brasileira conta com vários representantes que fizeram do ofício de escrever versos sua profissão de fé ou que escrevem com o coração e a alma seu lindo poetar.

      O gênero certamente é um dos preferidos dos leitores. Muitos são os versos que povoam o imaginário coletivo e a memória afetiva dos poetas e poetisas que enfeitam a vida com seus versos.


O tempo…
Autora: Donetzka Cercck L.Alvarez


O dono de tudo…
O senhor dos momentos…
Deixando as marcas…
Ele vai passando…
Deixando as lembranças…!!!
O tempo não volta…
O tempo só anda…
Não permanece…
Não pára…
A cada momento corre…
A cada instante nasce para logo a seguir morrer…
Tempo…
O dono de tudo…
O senhor da vida…
Traz o bom tempo depois das trovoadas…
Faz com que aconteça…
Deixa que deixe de acontecer…
O tempo muda…
O tempo cura…
O tempo leva…
O tempo não pára…
O tempo só anda…
O tempo passa…!!!

*****


Como num tango fandango
Autor:Jaime Portela



Como num tango fandango
do Carlos Gardel,
somos personagens fatais
a interpretar o poder
da sorte  por conquistar,
onde ensaiamos a crença
em violinos de cismas.


Como num enredo
do Martinho da Vila,
somos a plebe a sambar
num coração malandro
a enganar as pedras
indigestas dos caminhos
em pandeiretas de risos.


A tempo inteiro vadios
como num fado da Amália,
somos um povo castiço
que lava no rio a cantar
as guitarras da saudade
da vida que não levou
e que teima em não mudar.


Malditos e venturosos,
revoltados e cobardes
em estranha forma de vida,
somos areia movediça
em terra firme espalhada,
o tudo e o nada, indecisos,
de uma pátria adiada.
  
******



PROMESSAS
Autora:Gracita


Numa noite coberta pelo manto lunar
voltei meus pensamentos para as estrelas
e enfeitiçada por aquela miríade de luz
viajei para dentro do meu interior
e muitas juras fiz unicamente para o meu ser


Lembranças afloraram como flores recém nascidas
Um dia, precisei de palavras para me curar
Elas não vieram... fiquei só com a minha dor


Precisei de sorrisos para me alegrar
de um olhar para me acolher
de doçuras para me acariciar
precisei de um rosto amigo


Ele não veio!
A solidão foi a minha companheira
nos momentos de desalento e aflição


Jurei que esconderia minhas dores
na máscara do meu sorriso
Falhei nesta jura
e lágrimas de comiseração
atordoaram o meu ser


Coloquei expectativas demais
expus a nudez do meu coração
e minh'alma sensível
viveu a agonia da desilusão


Perdi a chave da minha felicidade
busquei-a em horizontes que não eram meus
só recuperei a esperança quando
me percebi valiosa e capaz
de superar as ausências


Cresci de dentro para fora
hoje não me permito cair
em abismo emocional


Deixei no passado a falsidade
sigo resguardada de toda e qualquer impureza
falsas promessas não me corrompe


Acredito no meu valor pessoal
Sou humana e vulnerável
hoje vejo no reflexo do olhar
os sentires verdadeiros
daqueles que querem bem


Sou o início, o meio e o fim
Um ser em constante mutação
uma peça na engrenagem
da construção de um ser
que não acredita na astúcia ardilosa
de quem tudo faz para ferir
um suscetível coração.
******




O AMOR
Autora: dinapoetisadapaz

O amor nada teme, tudo suporta,
E a forma de amar não imp
orta.
O amor acomoda todas as inquiet
udes,
E a sensação de amar, é de complet
ude.
Quando a gente ama tudo se ren
ova,•.
Quem verdadeiramente ama nada repr
ova.•.
Não há amargura que o amor não ac
abe.
E até as dores das recidivas, lhe c
abe.
Não lhe abate as inevitáveis desilus
ões,
E não reluta às novas e loucas emoç
ões.

O amor quando num coração ap
orta,
A’ lma triste logo se reconforta...


dinapoetisadapaz

Pesquisa e organização da postagem, Profª Lourdes Duarte e 
Elza Interaminense.



Fontes: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/
Jaime Portela http://riosemmargenspoesia.blogspot.com.br/
dinapoetisadapaz https://experimentalailabrito.blogspot.com.br/








14 comentários:

  1. Muito bom ver minha poesia texto nessa coletânea linda,Eliane.
    Só não sei como copiou, porque bloqueio textos no blog,pois muitos deles encontrei em outros sites ou blogs estranhos com nome de outro autor.Esse é o perigo de não bloquear textos. E me aborreci muito, levando_me à exaustão, ao ver muitos textos de minha autoria com outro nome. Bom seria você editar e colocar meu nome completo: Donetzka Cercck L.Alvarez e escrever Autora.
    E o link do blog abaixo do nome,ok?

    Beijos sabor carinho e linda semana

    Donetzka

    Blog Magia de Donetzka

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ficamos felizes que gostou amiga. Quanto a cópia não estava bloqueada, normal. Já corrigimos seu nome completo. obrigada mais uma vez. Bjus

      Excluir
    2. Já vi,amiga.Obrigada.Pode existir outra Donetzka,não que eu conheça.Espero que tenha entendido.Estranho o texto não estar bloqueado,porque nem eu consigo copiar.

      Seu blog continua na minha lista de blogs a visitar para receber atualizações.

      Não deixe de me visitar,ok?

      Beijos sabor carinho e uma quinta_feira de paz e alegrias

      Donetzka

      Excluir
  2. Obrigado por ter escolhido um poema meu para este seu magnífico post.
    Boa semana, querida amiga.
    Beijo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. obrigada grande poeta, ficamos felizes que gostou. Seja sempre bem vindo!

      Excluir
  3. muito bom passar por aqui e aprender mais um pouco sobre poesia.
    muito bom mesmo.
    grande abraço.
    :o)

    ResponderExcluir
  4. Bom dia Elza, menia que surpresa boa, ver um texto meu entre suas escolhas, muito grata por divulgar esse novo Estilo Experimental intitulado de Enlaces Disticus criado pela poetisa Aila Brito e escrito por mim.
    Seu trabalho em prol da cultura está muito bom e oportuno. é ótimo avivar a nossas memórias sobre a contemporaneidade.
    Tenha um dia azul
    Bjss!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada querida por permitir a postagem da sua poesia aqui. Seja sempre bem vinda. Abraçoss

      Excluir
  5. Bom dia Elza
    A sua proposição trazendo elucidativas explanações sobre a poesia contemporânea é de uma riqueza imensurável. E como faz ao nosso ego ter um poema de nossa autoria figurando neste espaço fabuloso espaço cultural
    Encantada de ver meu poema abrilhantando este rico acervo
    Obrigada por escolher um dos meus poemas
    Que a sua semana seja ricamente abençoada
    Beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ficamos felizes e agradecidas com sua aprovação, grande poetiza. Obrigada, seja sempre bem vinda! Abraços

      Excluir
  6. Passei para ver as novidades.
    Aproveito para lhe desejar a continuação de boa semana, amiga Elza.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  7. Poesia s tão lindas aqui! E desejo que setembro seja muito legal ,cheio de flores perfumadas! bjs, chica

    ResponderExcluir
  8. Gostei muito! É sempre bom apreciar belas poesias.

    ResponderExcluir
  9. Amo poesias...!!!
    Que trabalho lindo...
    Parabéns pelo blog...

    ResponderExcluir