Aqui vai uma lista dos poemas brasileiros (vou logo avisando: Fernando Pessoa é PORTUGUÊS!)
que considero os mais conhecidos da história. Com certeza, o amigo
leitor, já se deparou alguma vez na vida, em casa, no trabalho ou até
mesmo na rua, entre um rebolation e outro, com alguma passagem de um dos
poemas abaixo:
7 º - Versos Íntimos - Augusto dos Anjos
Esse
poema (meu favorito) do escritor paraibano Augusto dos Anjos, o pai do
movimento simbolista no Brasil, não é exatamente o mais conhecido da
história, mas é um dos preferidos dos professores de literatura Brasil a
fora. Possivelmente o leitor já deve ter se deparado com ele em algum
livro, apostila ou prova.
VERSOS ÍNTIMOS
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo, acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca de que beija!
Augusto dos Anjos
6° - Navio Negreiro - Castro Alves
Um
dos poemas mais conhecidos e belos da literatura brasileira e mundial.
No poema, o escritor baiano dar voz aos sem vozes, descrevendo como era o
transporte dos negros durante o período da escravidão. O poema como um
todo não é lá muito conhecido, uma vez que ele é imenso, entretanto, a
sua IV parte é bastante conhecida. Você, caro leitor, muito
provavelmente em alguma época de sua vida já teve que escutar o glorioso
cantor baiano Caetano Velosso declamando a IV parte do poema. Sendo
assim, vamos a parte interessante do poema.
Navio Negreiro
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
(...)
Castro Alves
5º - Vou-me Embora pra Pasárgada - Manuel Bandeira
Você
leitor, talvez não esteja lembrando quem é o autor do 5º poema mais
conhecido da história brasileira. Então, vou refrescar a sua memoria.
Manuel Bandeira é o escritor que pegou tuberculose na adolescência e
passou o resto da vida dizendo que ia morrer. Detalhe, o cidadão morreu
com 82 anos. Entre outras coisas, o poeta pernambucano foi o responsável
pele célebre discurso Os sapos, lido durante a semana de arte moderna de 22.
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira
4º - Poeminha do Contra - Mario Quintana
Sim,
este é o mesmo poema que você já viu em duzentos mil "quem sou eu do
orkut". Além de ser um dos poetas favoritos dos fazedores de "quem sou
eu" de orkut. O escritor gaúcho foi vítima de uma das maiores injustiças
da ABL: o poeta tentou por três vezes uma vaga à Academia Brasileira de
Letras, mas em nenhuma das ocasiões foi eleito; as razões eleitorais da
instituição não lhe permitiram alcançar os vinte votos necessários para
ter direito a uma cadeira. Ao ser convidado a candidatar-se uma quarta
vez, e mesmo com a promessa de unanimidade em torno de seu nome, o poeta
recusou.
Poeminha do Contra
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Mario Quintana
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Mario Quintana
3º - Soneto da Fidelidade - Vinicius de Morais
O
escritor, compositor e boa vida carioca é autor de vários dos poemas
mais conhecidos do Brasil. Escolhi esse, pois é o mais conhecido. Uma
curiosidade sobre o autor, é que o mesmo odiava o apelido de "poetinha".
Soneto da Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Morais
2º - Canção do Exílio - Gonçalves Dias
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."
Gonçalves Dias
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Morais
2º - Canção do Exílio - Gonçalves Dias
O
2º poema mais conhecido da literatura brasileira foi escrito durante o
período em que o escritor maranhense Gonçalves Dias estava estudando em
Portugal, dai o nome "Canção do Exílio". O escritor morreu durante um naufrágio e, segundo a lenda, foi devorado por tubarões.
Canção do Exílio
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."
Gonçalves Dias
1° José - Carlos Drummond de Andrade
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
O
poema mais conhecido da literatura foi escrito pelo escritor mineiro
Carlos Drummond de Andrade, um farmacêutico nascido na cidade de
Itabira. De tão conhecido que ele é, a expressão "E agora, José" virou
uma gíria popular, usada em situações complicadas.
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
Fonte:
Postagem do site: http://oficina-literaria.blogspot.com.br
Cada um poema mais lindo do que o outro! amo todos, parabéns amada, sou apaixonada por poema! beijinhosssssssssss
ResponderExcluirObrigada querida, amamos sua visita, seu comentário. Obrigada, volte sempre. Abraços
ExcluirBoa noite Elza, tive imensa satisfação em receber sua gentil em meu blog, lisonjeada com sua gentis palavras deixada por lá.
ResponderExcluirParabéns pela escolhas dos poemas dos consagrados poetas. Um trabalho muito bom e incentivador tanto para os seus alunos como para o publico em geral, estimula a leitura e apreciação.
Tenha uma noite de paz!
Bjss
Amiga, a alegria é nossa em lhe ver aqui com esse maravilhoso comentário e seguindo nosso espaço. Seja bem vindo. Os que fazem a escola agradece. Abraços
ExcluirÓtima postagem, um passeio pelos importantes períodos da poesia brasileira. Todas lindas e consagradas, sim.
ResponderExcluirHá 35 anos: um episódio que os gaúchos nunca engoliram:
Em 5 de Novembro de 1982 saiu a notícia, no Jornal Zero Hora de Porto Alegre, de que a Academia Brasileira de Letras recusou, pela terceira vez, o gaúcho Mario Quintana como membro da Instituição. Por quatro votos, o poeta foi preterido em favor do escritor e jornalista Carlos Castelo Branco. O desapontamento se traduziu nas palavras. Quintana ratificou o respeito aos acadêmicos, mas frisou que não iria mais concorrer à vaga.
“ Não guardo mágoa, mas não sou palhaço”.
Estava coberto de razão!!
Beijos Elza e uma ótima semana!
Querida Taís, muito importante você lembrar desse acontecido. Com certeza, ele estava coberto de razão. Obrigada pela visita e contribuição importantíssima que está nos dando. Bjuss, volte sempre.
ExcluirQuerida Elza, deixo o link de meu blog 'Das Artes', acho que seus alunos vão gostar de conhecer a história, movimentos e artistas, também!
ExcluirBeijo, amiga, muito obrigada pelos comentários carinhosos.
http://taislc.blogspot.com
Amei o post,Eliane.
ResponderExcluirMuito bom reler essas pérolas!
Seu blog está na minha lista de blogs a visitar,com seu nome ao lado.Recebi a atualização e vim rapidinho ver.
Adorei tudo o meus prediletos,Quintana e Drummond tinham que estar aqui.
Muito bom também ter colocado a biografia deles!Parabéns pelo belo espaço,amiga!
Obrigada pela visita e volte sempre.
Beijos sabor carinho e uma semana de Paz e alegrias
Donetzka
Blog Magia de Donetzka
Obrigada minha querida, feliz em lhe ver de volta, seja sempre bem vinda. Bjus, fica na paz de Deus.
ExcluirBom dia Elza, voltei para deixar o link do meu blog PARAIBA PARA O MUNDO
ResponderExcluirhttp://aparaibaesuasbelezas.blogspot.com.br
Será um prazer receber sua nobre visita.
Tenha um indo dia.
Bjss1
Obrigada minha querida, logo visitarei com todo prazer. Abraçoss
Excluir