Mário de Andrade e
suas principais obras literárias.
Eterna Presença –
Mário de Andrade
Este feliz desejo de
abraçar-te,
Pois que tão longe tu de mim estás,
Faz com que te imagine em toda a parte
Visão, trazendo-me ventura e paz.
Pois que tão longe tu de mim estás,
Faz com que te imagine em toda a parte
Visão, trazendo-me ventura e paz.
Vejo-te em sonho,
sonho de beijar-te;
Vejo-te sombra, vou correndo atrás;
Vejo-te nua, oh branco lírio de arte,
Corando-me a existência de rapaz…
Vejo-te sombra, vou correndo atrás;
Vejo-te nua, oh branco lírio de arte,
Corando-me a existência de rapaz…
E com ver-te e
sonhar-te, esta lembrança
Geratriz, esta mágica saudade,
Dá-me a ilusão de que chegaste enfim;
Geratriz, esta mágica saudade,
Dá-me a ilusão de que chegaste enfim;
Sinto alegrias de
quem pede e alcança
E a enganadora força de, em verdade,
Ter-te, longe de mim, juntinho a mim.
E a enganadora força de, em verdade,
Ter-te, longe de mim, juntinho a mim.
Mário Raul de Morais Andrade foi um escritor brasileiro que
exerceu importante papel na consolidação do movimento Modernista no Brasil.
Nasceu em São Paulo, Capital no dia 9 de outubro de 1893.
Concluiu o ginásio e entrou para a Escola de Comércio Alves Penteado,
ironicamente abandonando o curso após um desentendimento com o professor de
Português. Em 1911 ingressou no Conservatório de Música de São Paulo,
formando-se em piano.
No ano de 1917 seu pai faleceu, então passou a ministrar
aulas de piano para seu sustento. Com isso, passou a ter maior convivência com
os artistas da época, tornando-se grande amigo de Anita Malfatti e Oswald
de Andrade. Na sequência, com o pseudônimo de Mário Sobral, publicou seu
primeiro livro "Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema", tecendo
críticas às mortes causadas pela Primeira Guerra Mundial.
Engajado no meio literário e musical, em 1921 integrou a
Sociedade de Cultura Artística e marcou presença no banquete do Trianon,
lançamento do Modernismo. No mesmo ano, Oswald de Andrade escreveu o artigo “Meu
poeta futurista” no “Jornal do Commércio de São Paulo” para apresentar Mário de
Andrade ao público.
Quando foi realizada a Semana de Arte Moderna em 1922, Mário
foi nomeado professor catedrático do Conservatório de Música. Publicou "Pauliceia
Desvairada", uma coletânea de seus primeiros poemas modernistas e integrou
o grupo fundador da revista Klaxon, veículo de divulgação Modernista.
No auge desse Movimento, a intenção era se desvincular dos
modismos europeus e alcançar uma linguagem nacional própria, que promovesse
integração entre o homem brasileiro e a sua terra. Pensando em buscar esse tipo
de conhecimento para inspirar suas obras, o autor fez várias viagens pelo
Brasil e estudou a cultura de cada região.
Visitou cidades históricas de Minas, passou pelo Norte,
Nordeste e compilou diversas informações da cultura regional.
Todas as suas pesquisas sobre festas populares, lendas,
ritmos e canções lhe renderam um rico conteúdo que embasaram obras como "Macunaíma",
"Clã do Jabuti" e "Ensaio sobre a Música Brasileira".
O autor foi Diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura
de São Paulo entre os anos de 1934 e 1938. Foi afastado do cargo por motivos
políticos e em 1938 foi para o Rio de Janeiro, onde lecionou Filosofia e
História da Arte na Universidade.
Em 1940 retornou para São Paulo, atuando como funcionário do
Serviço do Patrimônio Histórico do Ministério da Educação.
Realizou trabalhos também como crítico de arte em jornais e
revistas.
Mário de Andrade faleceu vítima de ataque cardíaco no dia 25
de fevereiro de 1945, na cidade de São Paulo.
"Macunaíma" é considerado seu livro mais
impactante, recebendo aclamada adaptação para o cinema.
Algumas obras:
Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, 1917
Pauliceia Desvairada, 1922
A Escrava que não é Isaura, 1925
Losango Cáqui, 1926
Primeiro Andar, 1926
Clã do Jabuti, 1927
Amar, Verbo Intransitivo, 1927
Macunaíma, 1928
Ensaio sobre a Música Brasileira, 1928
Compêndio da História da Música, 1929
Modinhas e Lundus Imperiais, 1930
Remate de Males, 1930
Música, Doce Música, 1933
Belazarte, 1934
O Aleijadinho, 1935
Álvares de Azevedo, 1935
Namoros com a Medicina, 1939
Música do Brasil, 1941
Poesias, 1941
O Baile das Quatro Artes, 1943
Aspectos da Literatura Brasileira, 1943
Os Filhos da Candinha, 1943
O Empalhador de Passarinhos, 1944
Lira Paulistana, 1946
O Carro da Miséria, 1946
Contos Novos, 1946
Padre Jesuíno de Monte Carmelo, 1946
Poesias Completas, 1955
Danças Dramáticas do Brasil, 1959
Música de Feitiçaria, 1963
O Banquete, ensaio, 1978
Macunaíma (1928), Mário de Andrade
O mais divertido retrato do Brasil como um país que vive
contemporaneamente em todas as idades do continente, no período pré-cabralino,
no Brasil dos viajantes estrangeiros, na Colônia, no Império e na modernidade.
O grande feito do livro é transformar as características do homem nacional
tidas como defeitos em elementos positivos de nossa identidade malandra, ao mesmo
tempo em que elege a pilhagem nos documentos como uma forma de invenção
selvagem.
Por Catarina Oliveira
Ensino Superior em Comunicação (Universidade Metodista de
São Paulo, 2010)
Fonters: http://www.infoescola.com/literatura/mario-de-andrade/
A vida passou, a obra fica, e para que você conheça o
universo desse escritor indispensável para o entendimento de nossa literatura
moderna, o site Escola Educação http://escolaeducacao.com.br/melhores-poemas-de-mario-de-andrade/ selecionou quinze poemas de Mário de Andrade
que vão lhe proporcionar uma viagem pela estética modernista. Boa leitura!
Mário de Andrade
Soneto
Tanta lágrima hei já,
senhora minha,
Derramado dos olhos sofredores,
Que se foram com elas meus ardores
E ânsia de amar que de teus dons me vinha.
Derramado dos olhos sofredores,
Que se foram com elas meus ardores
E ânsia de amar que de teus dons me vinha.
Todo o pranto chorei.
Todo o que eu tinha,
caiu-me ao peito cheio de esplendores,
E em vez de aí formar terras melhores,
Tornou minha alma sáfara e maninha.
caiu-me ao peito cheio de esplendores,
E em vez de aí formar terras melhores,
Tornou minha alma sáfara e maninha.
E foi tal o chorar
por mim vertido,
E tais as dores, tantas as tristezas
Que me arrancou do peito vossa graça,
E tais as dores, tantas as tristezas
Que me arrancou do peito vossa graça,
Que de muito perder,
tudo hei perdido!
Não vejo mais surpresas nas surpresas
E nem chorar sei mais, por mor desgraça!
Não vejo mais surpresas nas surpresas
E nem chorar sei mais, por mor desgraça!
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