O que é um soneto?
O soneto é uma tradicional forma
poética do gênero lírico. Com origem na Itália, encontrou na literatura
brasileira representantes como Vinícius de Moraes e Olavo Bilac
É um poema composto de catorze
versos, divididos em dois quartetos (duas estrofes com quatro versos) e dois
tercetos (duas estrofes com três versos).
A sílaba métrica (ou poética) nem
sempre corresponde a uma sílaba gramatical. Na divisão (ou contagem) das
sílabas poéticas de um verso, considera-se as emissões de voz do verso como um
todo. Além disso, conta-se apenas até a última sílaba tônica do verso. Essa
contagem é chamada de escansão.
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
O poema que você leu agora certamente
está entre os mais conhecidos da literatura brasileira e possivelmente é o
soneto mais famoso de nossas letras. Composto por Vinícius de Moraes, poeta
que, como poucos, dedicou-se à clássica forma poética, os versos de Soneto de
Fidelidade povoam o imaginário do leitor brasileiro por seu lirismo e beleza
inigualáveis.
Vinícius foi o maior entre os
sonetistas brasileiros, isso é indiscutível. Mas você sabe o que é um soneto?
Tipo de poema que apresenta forma fixa, o soneto tem origem na Itália,
documentado pela primeira vez na obra de Giacomo da Lentini na primeira metade
do século III. Sua estrutura não sofre alteração, sendo composta por quatro
estrofes — as duas primeiras são constituídas por quatro versos cada uma, os
quartetos, e as duas últimas, de três versos cada uma, os tercetos. Na
introdução, podemos identificar a apresentação do tema; posteriormente o
desenvolvimento de ideias e, ao final, no último terceto, o sentido ou o
significado do soneto.
O soneto possui versos metrificados e
rimados e, classicamente, esses versos são decassílabos (com dez sílabas
métricas) ou alexandrinos (com doze sílabas métricas).
No século XX, apesar de a literatura
moderna ter rompido com os modelos clássicos, alguns poetas cultivaram o
soneto, como Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes.
Observe a estrofe do Soneto do Maior
Amor, de Vinícius de Moraes. Todos os versos são decassílabos (com
dez sílabas métricas).
Mai/o/r a/mor/ nem/ mai/s es/tra/nho
e/xis/te
Que o/ meu/, que/ não/ so/sse/ga a/coi/sa
a/ma/da
E/ quan/do a/sen/te a/le/gre/,
fi/ca/ tris/te
E/ se a/ vê/ des/con/ten/te/,
dá/ ri/sa/da.
O soneto, embora seja uma forma
poética clássica do gênero lírico, nunca deixou de receber atenção de poetas em
todo o mundo, mesmo quando o Romantismo deu início ao culto ao verso branco, ou
seja, versos que possuem métrica, mas não possuem rima. O soneto sobreviveu ao
tempo, um caso único na literatura, pois não há nenhum outro molde literário
tão longevo quanto ele. Na língua portuguesa, a forma encontrou diversos
representantes, entre eles Augusto dos Anjos, Cruz e Sousa, Luís Vaz de Camões,
Manuel Maria Du Bocage, Olavo Bilac, o já citado Vinícius de Moraes, Antero de
Quental e Florbela Espanca, apenas para mencionar alguns.
A estrutura dos sonetos
Ao falarmos da estrutura dos sonetos,
primeiramente devemos nos ater à métrica, que é o primeiro importante ponto
estrutural deste gênero lírico. Um soneto é composto por 14 versos e cada um
deles deve possuir a mesma métrica, isto é, cada um dos catorze versos deve
apresentar o mesmo número de sílabas poéticas.
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Os sonetos podem ser apresentados em
três formas de distribuição de versos, a saber:
Soneto petrarquiano ou italiano:
possui duas estrofes de quatro versos (denominados quartetos) e duas de três
versos (denominados tercetos);
Soneto inglês ou Shakespeariano: esta
forma de soneto apresenta três quartetos e um dístico;
Soneto monostrófico: estrutura
composta por uma única estrofe de 14 versos.
Além da métrica, outro ponto
observável na composição do soneto é a ordem em que os versos apresentam as
rimas. Em se tratando de quartetos, podemos encontrar três principais formas de
posicionamento das rimas. Confira a seguir:
Rimas entrelaçadas ou opostas – abba
– Neste posicionamento, o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o
terceiro;
Rimas alternadas – abab – Neste caso,
o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo rima com o quarto;
Rimas emparelhadas – aabb – Ocorrem
quando o primeiro verso rima com o segundo e o terceiro rima com o quarto.
Os sonetos em língua portuguesa
Os sonetos de Luís de Camões são
considerados os melhores da Língua Portuguesa. Além do poeta português, outros
sonetistas em Língua Portuguesa que se destacam são os seguintes: Augusto dos
Anjos, Olavo Bilac, Vinícius de Moraes, Gregório de Matos Guerra, Florbela
Espanca, Cláudio Manuel da Costa e vários outros.
Confira a seguir um famoso soneto de
Camões:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
*Débora Silva é graduada em
Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e
suas Literaturas)
https://www.estudopratico.com.br/
muito interessante esta explicação sobre o soneto.
ResponderExcluirhá tantos anos tive aulas de português e me lembrava de uma breve explicação.
pude entender um pouco melhor, muito obrigada pela aula.
ainda mais falando do "poetinha" tão querido Vinicius.
grande abraço.
:o)
Que bom amiga! Também pesquisando esses temas tenho aprendido muito e estou encantada. Obrigada pela visita, volte sempre. bjus
ExcluirBoa noite, Elza eu gostaria de levar um selinho, gadjet para colocar no meu blog indicando o site de vocês, logo no inicio de meus blogs, fiquei em dúvida do que levar, aqui só encontrei o seu e o da madre, o selo eu o anexaria ao link do site e o título seria SABER NUNCA É DEMAIS o que acha? bjos
ResponderExcluirQuerida Luconi vamos providenciar o selinho com o link. Grata pela visita, volte sempre! Abraços
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