Biografia de
Ariano Suassuna
Noturno
Têm para mim Chamados de outro mundo
as Noites perigosas e queimadas,
quando a Lua aparece mais vermelha
São turvos sonhos, Mágoas proibidas,
são Ouropéis antigos e fantasmas
que, nesse Mundo vivo e mais ardente
consumam tudo o que desejo Aqui.
Têm para mim Chamados de outro mundo
as Noites perigosas e queimadas,
quando a Lua aparece mais vermelha
São turvos sonhos, Mágoas proibidas,
são Ouropéis antigos e fantasmas
que, nesse Mundo vivo e mais ardente
consumam tudo o que desejo Aqui.
Será que mais Alguém vê e escuta?
Sinto o roçar das asas Amarelas
e escuto essas Canções encantatórias
que tento, em vão, de mim desapossar.
Diluídos na velha Luz da lua,
a Quem dirigem seus terríveis cantos?
Pressinto um murmuroso esvoejar:
passaram-me por cima da cabeça
e, como um Halo escuso, te envolveram.
Eis-te no fogo, como um Fruto ardente,
a ventania me agitando em torno
esse cheiro que sai de teus cabelos.
Que vale a natureza sem teus Olhos,
ó Aquela por quem meu Sangue pulsa?
Da terra sai um cheiro bom de vida
e nossos pés a Ela estão ligados.
Deixa que teu cabelo, solto ao vento,
abrase fundamente as minhas mão...
Mas, não: a luz Escura inda te envolve,
o vento encrespa as Águas dos dois rios
e continua a ronda, o Som do fogo.
Ó meu amor, por que te ligo à Morte?
Ariano Suassuna
Ariano Suassuna (1927 - 2014) foi um escritor brasileiro.
"O Auto da Compadecida", sua obra-prima, foi adaptada para a
televisão e para o cinema. Sua obra reúne, além da capacidade imaginativa, seus
conhecimentos sobre o folclore nordestino. Foi poeta, romancista, ensaísta,
dramaturgo, professor e advogado. Em 1989, foi eleito para a cadeira nº 32 da Academia
Brasileira de Letras. Em 1993, foi eleito para a cadeira nº 18 da Academia
Pernambucana de Letra e em 2000, ocupou a cadeira nº 35 da Academia Paraibana
de Letras.
Ariano Vilar Suassuna (1927-2014) nasceu na cidade de Nossa
Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, em 16 de junho de
1927. Filho de João Suassuna, ex-governador da Paraíba, e Rita de Cássia Villar
passou os primeiros anos de sua infância na fazenda Acauham, no sertão do
Estado. Durante a Revolução de 1930, por motivos políticos, seu pai foi
assassinado. A família mudou-se para Taperoá, interior do estado, onde morou
entre 1933 e 1937 e lá iniciou seus estudos. Teve os primeiros contatos com a
cultura regional assistindo uma apresentação de mamulengos e um desafio de viola.
Em 1938, a família muda-se para a cidade do Recife,
Pernambuco, onde Ariano entra para o Colégio Americano Batista. Em seguida
estuda no Colégio Oswaldo Cruz e depois no Ginásio Pernambucano, importante
colégio do Recife. Em 1946 ingressou na Faculdade de Direito, onde fundou o
Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreve sua primeira peça "Uma
Mulher Vestida de Sol". No ano seguinte escreve "Cantam as Harpas de
Sião".
Em 1950, conclui o curso de Direito. Dedicou-se à advocacia
e ao teatro. Em 1955, escreveu a peça "O Auto da Compadecida". A
partir de 1956, passou a dar aulas de Estética na Universidade Federal de
Pernambuco. Em 1970 cria e dirige o Movimento Armorial, com o objetivo de
valorizar os vários aspectos da cultura do Nordeste brasileiro, como a
literatura de cordel, a música, a dança, teatro, entre outros.
Ariano Suassuna iniciou em 1971, sua trilogia com o
"Romance d'a Pedra do Reino" e o "Príncipe do Sangue que
Vai-e-Volta", tendo por subtítulo "Romance Armorial - Popular
Brasileiro", que teria sequência em 1976, com a "História d'o Rei
Degolado nas Caatingas do Sertão: ao Sol da Onça Caetana". Em 1994, se
aposenta pela Universidade Federal de Pernambuco. Foi Secretário de Cultura
(PE) no governo de Eduardo Campos.
Se sua poesia teve modesta repercussão, o teatro, com a
força do humor, o consagrou. Ariano recebia inúmeros convites para realizar
"aulas-espetáculos" em várias partes do país onde, com seu estilo
próprio e seus "causos" imaginativos, deixava o público encantado.
Ariano Suassuna faleceu no Recife, no dia 23 de julho de
2014, decorrente das complicações de um AVC hemorrágico.
Obras de
Ariano Suassuna
Uma Mulher Vestida de Sol, 1947
Cantam as Harpas de Sião (ou o Despertar da Princesa), 1948
Os Homens de Barro, 1949
Auto de João da Cruz, 1950 (Prêmio Martins Pena)
Torturas de um Coração, 1951
O Arco Desolado, 1952
O Castigo da Soberana, 1953
O Rico Avarento, 1954
Ode, 1955 (poesia)
O Auto da Compadecida, 1955
O Casamento Suspeito, 1956
Fernando e Isaura, 1956
O Santo e a Porca, 1958
O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna, 1958
A Pena e a Lei, 1959
A Farsa da Boa Preguiça, 1960
A Caseira e a Catarina, 1962
O Pasto Incendiado, 1970 (poesia)
Romance d'a Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta, 1971 (partes da trilogia)
Iniciação à Estética, 1975
A Onça Castanha e a Ilha Brasil, 1976 (Tese de Livre Docência)
História d'o Rei Degolado nas Caatingas do Sertão: ao Sol da Onça Caetana, 1976 (parte da trilogia)
Sonetos Com Mote Alheio, 1980 (poesia)
Poemas, 1990 (Antologia)
Almanaque Armorial, 2008
Cantam as Harpas de Sião (ou o Despertar da Princesa), 1948
Os Homens de Barro, 1949
Auto de João da Cruz, 1950 (Prêmio Martins Pena)
Torturas de um Coração, 1951
O Arco Desolado, 1952
O Castigo da Soberana, 1953
O Rico Avarento, 1954
Ode, 1955 (poesia)
O Auto da Compadecida, 1955
O Casamento Suspeito, 1956
Fernando e Isaura, 1956
O Santo e a Porca, 1958
O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna, 1958
A Pena e a Lei, 1959
A Farsa da Boa Preguiça, 1960
A Caseira e a Catarina, 1962
O Pasto Incendiado, 1970 (poesia)
Romance d'a Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta, 1971 (partes da trilogia)
Iniciação à Estética, 1975
A Onça Castanha e a Ilha Brasil, 1976 (Tese de Livre Docência)
História d'o Rei Degolado nas Caatingas do Sertão: ao Sol da Onça Caetana, 1976 (parte da trilogia)
Sonetos Com Mote Alheio, 1980 (poesia)
Poemas, 1990 (Antologia)
Almanaque Armorial, 2008
A Pedra do
Reino (1971), Ariano Suassuna
Obra monumental, de
incorporação da cultura popular, que se apresenta programaticamente inconclusa,
na qual o narrador, preso por seu envolvimento com um episódio trágico do
sertão (a degola de animais e pessoas para instaurar o Império da Pedra do
Reino) constrói o romance como uma peça de defesa, tentando nos convencer de
sua inocência. Farsa e fanatismo dão a tônica ao romance.
Fonte: https://www.ebiografia.com/ariano_suassuna/
Arte pra mim não é
produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão,
vocação e festa.
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