Poesia modernista: Temas diversos
Muito se tem falado sobre o processo de inovação
desencadeado pelo primeiro tempo da poesia modernista. É bom que se tenha em
mente que o que foi produzido no momento subsequente ao da Semana de Arte
Moderna de 1922 é uma espécie de matriz do que viria a ser a poesia
contemporânea.
Não se trata aqui de dizer, sob o risco da simplificação, que, desde aquela época, a poesia não incorporou outros valores expressivos. O que é preciso lembrar é que foi naquele período que o próprio conceito de lirismo sofreu profundas modificações.
A dessacralização do objeto poético foi certamente uma delas, talvez a principal. Tudo passou a ser matéria da poesia. Uma sensibilidade permeada pelo intelecto e a consciência explícita dos processos de criação literária fizeram da poesia modernista um espaço de discussão de temas pertinentes ao próprio fazer poético. A título de exemplo, lembremos poemas como "Poética" ("Estou farto do lirismo comedido..."), de Manuel Bandeira, verdadeira "carta-programa" do modernismo, ao lado das paródias de textos do romantismo e da literatura informativa sobre o Brasil, dos poemas-piada de Oswald de Andrade etc.
Não se trata aqui de dizer, sob o risco da simplificação, que, desde aquela época, a poesia não incorporou outros valores expressivos. O que é preciso lembrar é que foi naquele período que o próprio conceito de lirismo sofreu profundas modificações.
A dessacralização do objeto poético foi certamente uma delas, talvez a principal. Tudo passou a ser matéria da poesia. Uma sensibilidade permeada pelo intelecto e a consciência explícita dos processos de criação literária fizeram da poesia modernista um espaço de discussão de temas pertinentes ao próprio fazer poético. A título de exemplo, lembremos poemas como "Poética" ("Estou farto do lirismo comedido..."), de Manuel Bandeira, verdadeira "carta-programa" do modernismo, ao lado das paródias de textos do romantismo e da literatura informativa sobre o Brasil, dos poemas-piada de Oswald de Andrade etc.
A própria língua portuguesa,
ferramenta básica da criação literária, foi tema de reflexão. Os conhecidos
versos de "Pronominais" ("Dê-me um cigarro/ Diz a gramática/ Do
professor e do aluno/ E do mulato sabido/ Mas o bom negro e o bom branco/ Da
Nação Brasileira/ Dizem todos os dias/ Deixa disso camarada/ Me dá um
cigarro"), de Oswald de Andrade, já discutiam à época um problema até hoje
não resolvido pela gramática -pelo menos por sua vertente mais tradicional
Na linguagem oral, a colocação do pronome átono no início do período ("Me dá um cigarro") é natural entre os falantes brasileiros do português. As gramáticas tradicionais, entretanto, ainda não incorporaram essa peculiaridade. Os modernistas, a propósito de aproximar a poesia da fala e de valorizar a arte como fator de identidade cultural, num momento de grande efervescência crítica, procuraram perceber essas idiossincrasias da dicção brasileira e agregá-las à literatura.
Na leitura de "Amar: Verbo Intransitivo", de Mário de Andrade, é experimentada essa "língua brasileira". Os pronomes átonos, por exemplo, aparecem no início das frases, em franca atitude de rebeldia antiacadêmica.
Os valores da cultura acadêmica, de modo geral, são questionados. Permeia o modernismo um espírito de renovação voltado para o encontro de nossas raízes.
Na linguagem oral, a colocação do pronome átono no início do período ("Me dá um cigarro") é natural entre os falantes brasileiros do português. As gramáticas tradicionais, entretanto, ainda não incorporaram essa peculiaridade. Os modernistas, a propósito de aproximar a poesia da fala e de valorizar a arte como fator de identidade cultural, num momento de grande efervescência crítica, procuraram perceber essas idiossincrasias da dicção brasileira e agregá-las à literatura.
Na leitura de "Amar: Verbo Intransitivo", de Mário de Andrade, é experimentada essa "língua brasileira". Os pronomes átonos, por exemplo, aparecem no início das frases, em franca atitude de rebeldia antiacadêmica.
Os valores da cultura acadêmica, de modo geral, são questionados. Permeia o modernismo um espírito de renovação voltado para o encontro de nossas raízes.
Poesia na
Segunda Geração do Modernismo
A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo no ano de
1922, foi um divisor de águas para a Literatura brasileira. Apresentou, entre
outros representantes das diversas áreas da arte, alguns dos expoentes da
Literatura modernista que romperiam drasticamente com o modelo literário
vigente. Nomes como Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida e
Mário de Andrade exaltaram o Brasil na página literária e utilizaram à exaustão
jogos primitivistas e antropofágicos.
Em sua segunda fase, entre os anos de 1930 a 1945, a poesia
modernista alargou seus horizontes temáticos e consolidou-se graças às
conquistas de seus precursores. A segunda geração foi marcada pelo
amadurecimento e pela ruptura com a fase polêmica de suas primeiras
manifestações. A poesia continuou adotando o verso livre, mas resgatou também
formas como o soneto ou o madrigal sem que isso fosse necessariamente um
retorno às estéticas do passado, tão questionadas pelos poetas que ganharam
projeção na Semana de Arte Moderna.
A poesia estava em
sintonia com as diversas manifestações artísticas e com outras esferas
culturais e, por esse motivo, é possível encontrar influências do Surrealismo e
até mesmo da psicanálise, que dilataram o campo de experimentações poéticas.
Podemos observar essa característica nos versos do poema “O Pastor Pianista”,
de Murilo Mendes:
O Pastor Pianista
Murilo Mendes
Soltaram os pianos na
planície deserta
Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
Eu sou o pastor pianista,
Vejo ao longe com alegria meus pianos
Recortarem os vultos monumentais
Contra a lua.
Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
Eu sou o pastor pianista,
Vejo ao longe com alegria meus pianos
Recortarem os vultos monumentais
Contra a lua.
Acompanhado pelas rosas migradoras
Apascento os pianos: gritam
E transmitem o antigo clamor do homem
Que reclamando a contemplação,
Sonha e provoca a harmonia,
Trabalha mesmo à força,
E pelo vento nas folhagens,
Pelos planetas, pelo andar das mulheres,
Pelo amor e seus contrastes,
Comunica-se com os deuses.
Quanto à temática da
poesia modernista da segunda fase, podemos observar a preocupação dos poetas
não apenas com a abordagem do cotidiano, bastante denotada naquilo que alguns
estudiosos chamaram de “momento poético”, mas também com problemas sociais e
históricos. Drummond apropriou-se dessas características, que podem ser
observadas no poema
“Congresso Internacional do Medo”.
Congresso
Internacional do Medo
Provisoriamente não
cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
Os poetas da
segunda geração do modernismo deram continuidade às conquistas dos primeiros
modernistas e criaram novas possibilidades temáticas, perpetuando a nova
concepção de Literatura defendida por seus antecessores e levando adiante o
projeto de liberdade de expressão que possibilitou até mesmo uma revisitação da
Literatura clássica.
A Poesia nos dias atuais
Eu faço versos como quem morre.
(Manuel Bandeira)
Meu canto é chuva de tristeza e ardume,
Vindo de nuvens de agonia e amor.
Não lê meus versos se não tens queixume,
Não lê meu livro se inexiste dor.
Vulgar minha lira, de simplório canto;
Provindo d’alma toda inspiração.
Despreza o vate se te é seco o pranto
Ou rara a angústia no teu coração.
Meu livro é flor de fragrância inibida,
Meus versos pétalas de humilde flor.
Eu planto flores com a minha vida
E colho versos com a minha dor.
Quando o assunto é poesia, a literatura brasileira conta com
vários representantes que fizeram do ofício de escrever versos sua profissão de
fé ou que escrevem com o coração e a alma seu lindo poetar.
O gênero certamente é um dos preferidos dos leitores. Muitos são os versos
que povoam o imaginário coletivo e a memória afetiva dos poetas e poetisas que
enfeitam a vida com seus versos.
O tempo…
Autora: Donetzka Cercck L.Alvarez
O dono de tudo…
O senhor dos
momentos…
Deixando as
marcas…
Ele vai passando…
Deixando as
lembranças…!!!
O tempo não volta…
O tempo só anda…
Não permanece…
Não pára…
A cada momento
corre…
A cada instante
nasce para logo a seguir morrer…
Tempo…
O dono de tudo…
O senhor da vida…
Traz o bom tempo
depois das trovoadas…
Faz com que
aconteça…
Deixa que deixe de
acontecer…
O tempo muda…
O tempo cura…
O tempo leva…
O tempo não pára…
O tempo só anda…
O tempo passa…!!!
Como num tango
fandango
Autor:Jaime Portela
Como num tango
fandango
do Carlos Gardel,
somos personagens
fatais
a interpretar o
poder
da sorte por
conquistar,
onde ensaiamos a
crença
em violinos de
cismas.
Como num enredo
do Martinho da
Vila,
somos a plebe a
sambar
num coração
malandro
a enganar as
pedras
indigestas dos
caminhos
em pandeiretas de
risos.
A tempo inteiro
vadios
como num fado da
Amália,
somos um povo
castiço
que lava no rio a
cantar
as guitarras da
saudade
da vida que não
levou
e que teima em não
mudar.
Malditos e
venturosos,
revoltados e
cobardes
em estranha forma
de vida,
somos areia
movediça
em terra firme
espalhada,
o tudo e o nada,
indecisos,
de uma pátria
adiada.
******
PROMESSAS
Autora:Gracita
Numa noite coberta
pelo manto lunar
voltei meus
pensamentos para as estrelas
e enfeitiçada por
aquela miríade de luz
viajei para dentro
do meu interior
e muitas juras fiz
unicamente para o meu ser
Lembranças
afloraram como flores recém nascidas
Um dia, precisei
de palavras para me curar
Elas não vieram...
fiquei só com a minha dor
Precisei de
sorrisos para me alegrar
de um olhar para
me acolher
de doçuras para me
acariciar
precisei de um
rosto amigo
Ele não veio!
A solidão foi a
minha companheira
nos momentos de
desalento e aflição
Jurei que
esconderia minhas dores
na máscara do meu
sorriso
Falhei nesta jura
e lágrimas de
comiseração
atordoaram o meu
ser
Coloquei
expectativas demais
expus a nudez do
meu coração
e minh'alma
sensível
viveu a agonia da
desilusão
Perdi a chave da
minha felicidade
busquei-a em
horizontes que não eram meus
só recuperei a
esperança quando
me percebi valiosa
e capaz
de superar as
ausências
Cresci de dentro
para fora
hoje não me
permito cair
em abismo emocional
Deixei no passado
a falsidade
sigo resguardada
de toda e qualquer impureza
falsas promessas
não me corrompe
Acredito no meu
valor pessoal
Sou humana e
vulnerável
hoje vejo no
reflexo do olhar
os sentires
verdadeiros
daqueles que
querem bem
Sou o início, o
meio e o fim
Um ser em
constante mutação
uma peça na
engrenagem
da construção de
um ser
que não acredita
na astúcia ardilosa
de quem tudo faz
para ferir
um suscetível
coração.
******
******
O AMOR
Autora: dinapoetisadapaz
Autora: dinapoetisadapaz
O amor nada teme, tudo suporta,
E a forma de amar não importa.
O amor acomoda todas as inquietudes,
E a sensação de amar, é de completude.
Quando a gente ama tudo se renova,•.
Quem verdadeiramente ama nada reprova.•.
Não há amargura que o amor não acabe.
E até as dores das recidivas, lhe cabe.
Não lhe abate as inevitáveis desilusões,
E não reluta às novas e loucas emoções.
O amor quando num coração aporta,
E a forma de amar não importa.
O amor acomoda todas as inquietudes,
E a sensação de amar, é de completude.
Quando a gente ama tudo se renova,•.
Quem verdadeiramente ama nada reprova.•.
Não há amargura que o amor não acabe.
E até as dores das recidivas, lhe cabe.
Não lhe abate as inevitáveis desilusões,
E não reluta às novas e loucas emoções.
O amor quando num coração aporta,
A’ lma triste logo se reconforta...
dinapoetisadapaz
Pesquisa e organização da postagem, Profª Lourdes Duarte e
Elza Interaminense.
Pesquisa e organização da postagem, Profª Lourdes Duarte e
Elza Interaminense.
Fontes: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/
Jaime Portela http://riosemmargenspoesia.blogspot.com.br/
dinapoetisadapaz https://experimentalailabrito.blogspot.com.br/
Gracita http://sonhossepoesia.blogspot.com.br/
Donetzka Cercck L.Alvarezhttp://magiadedonetzka.blogspot.com.br/
Donetzka Cercck L.Alvarezhttp://magiadedonetzka.blogspot.com.br/
dinapoetisadapaz https://experimentalailabrito.blogspot.com.br/
Muito bom ver minha poesia texto nessa coletânea linda,Eliane.
ResponderExcluirSó não sei como copiou, porque bloqueio textos no blog,pois muitos deles encontrei em outros sites ou blogs estranhos com nome de outro autor.Esse é o perigo de não bloquear textos. E me aborreci muito, levando_me à exaustão, ao ver muitos textos de minha autoria com outro nome. Bom seria você editar e colocar meu nome completo: Donetzka Cercck L.Alvarez e escrever Autora.
E o link do blog abaixo do nome,ok?
Beijos sabor carinho e linda semana
Donetzka
Blog Magia de Donetzka
Ficamos felizes que gostou amiga. Quanto a cópia não estava bloqueada, normal. Já corrigimos seu nome completo. obrigada mais uma vez. Bjus
ExcluirJá vi,amiga.Obrigada.Pode existir outra Donetzka,não que eu conheça.Espero que tenha entendido.Estranho o texto não estar bloqueado,porque nem eu consigo copiar.
ExcluirSeu blog continua na minha lista de blogs a visitar para receber atualizações.
Não deixe de me visitar,ok?
Beijos sabor carinho e uma quinta_feira de paz e alegrias
Donetzka
Obrigado por ter escolhido um poema meu para este seu magnífico post.
ResponderExcluirBoa semana, querida amiga.
Beijo.
obrigada grande poeta, ficamos felizes que gostou. Seja sempre bem vindo!
Excluirmuito bom passar por aqui e aprender mais um pouco sobre poesia.
ResponderExcluirmuito bom mesmo.
grande abraço.
:o)
Bom dia Elza, menia que surpresa boa, ver um texto meu entre suas escolhas, muito grata por divulgar esse novo Estilo Experimental intitulado de Enlaces Disticus criado pela poetisa Aila Brito e escrito por mim.
ResponderExcluirSeu trabalho em prol da cultura está muito bom e oportuno. é ótimo avivar a nossas memórias sobre a contemporaneidade.
Tenha um dia azul
Bjss!
Obrigada querida por permitir a postagem da sua poesia aqui. Seja sempre bem vinda. Abraçoss
ExcluirBom dia Elza
ResponderExcluirA sua proposição trazendo elucidativas explanações sobre a poesia contemporânea é de uma riqueza imensurável. E como faz ao nosso ego ter um poema de nossa autoria figurando neste espaço fabuloso espaço cultural
Encantada de ver meu poema abrilhantando este rico acervo
Obrigada por escolher um dos meus poemas
Que a sua semana seja ricamente abençoada
Beijos
Ficamos felizes e agradecidas com sua aprovação, grande poetiza. Obrigada, seja sempre bem vinda! Abraços
ExcluirPassei para ver as novidades.
ResponderExcluirAproveito para lhe desejar a continuação de boa semana, amiga Elza.
Beijo.
Poesia s tão lindas aqui! E desejo que setembro seja muito legal ,cheio de flores perfumadas! bjs, chica
ResponderExcluirGostei muito! É sempre bom apreciar belas poesias.
ResponderExcluirAmo poesias...!!!
ResponderExcluirQue trabalho lindo...
Parabéns pelo blog...