Literatura de Cordel
Meu sertão
Paulo Gondim
Meu sertão quando tá seco
É triste de fazer dó
Seca água nos açudes
A pastagem vira pó
Morre o gado no curral
E o galo no quintal
Não canta, pois ficou só
Chega a noite, o sertanejo
Olha o céu e desvanece
A nuvem escura sumiu
A barra desaparece
Vai dormir desconsolado
Acorda desanimado
E a tristeza permanece
Mas o nordestino é forte
Não se cansa de esperar
Mas um dia a sorte muda
É preciso confiar
Olha pro céu novamente
Sonha ver alegremente
A chuva logo chegar
E quando a chuva aparece
Até o pó vira lama
O Galo volta a cantar
O gado come na rama
Tendo chuva, tem fartura
Arroz, feijão e mistura
Toda noite amor na cama
E com chuva no Sertão
A natureza floresce
O sertanejo se alegra
E da mulher não se esquece
Não liga mais pra fraqueza
Nove meses, com certeza,
Menino novo aparece
A Literatura de Cordel é uma manifestação literária da
cultura popular brasileira.
Ela típica do nordeste do país, sendo muito notória nos
estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará.
Origem
O termo “Cordel” é de herança portuguesa. Essa manifestação
artística foi introduzida por eles no país em fins do século XVIII.
Na Europa, ela começou a aparecer no século XII em outros
países, tais quais França, Espanha, Itália, popularizando com o Renascimento.
No Brasil, a literatura de cordel representa uma
manifestação tradicional da cultura interiorana do nordeste que adquiriu força
no século XIX, sobretudo, entre 1930 e 1960.
É por meio da oralidade e da presença de elementos da
cultura brasileira que ela possui uma importante função social: informar e
divertir os leitores.
Em sua origem, muito poetas vendiam seus trabalhos nas
feiras das cidades. Todavia, com o passar do tempo e o advento do rádio e da
televisão, sua popularidade foi decaindo.
No Brasil, a literatura de cordel influenciou diversos
escritores, por exemplo: João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, Guimarães
Rosa, dentre outros.
Principais Características
Oposta à literatura tradicional (impressa nos livros), a
literatura de cordel é uma tradição literária regional.
Sua forma mais habitual de apresentação são os “folhetos”,
pequenos livros com capas de xilogravura que ficam pendurados em barbantes ou
cordas, e daí surge seu nome.
A literatura de cordel é considerada um gênero literário geralmente
feito em versos. Ele se afasta dos cânones na medida em que incorpora uma
linguagem e temas populares.
Além disso, essa manifestação recorre a outros meios de
divulgação, e nalguns casos, os próprios autores são os divulgadores de seus
poemas.
Em relação à linguagem e o conteúdo, a literatura de cordel
tem como principais características:
Linguagem coloquial (informal)
Uso de humor, ironia e sarcasmo
Temas diversos: folclore brasileiro, religiosos, profanos,
políticos, episódios - históricos, realidade social, etc.
Presença de rimas, métrica e oralidade
Literatura de Cordel e Repente
A literatura de cordel e o repente são duas manifestações
populares e culturais distintas. Embora sejam parecidas, essa relação gera muita
confusão.
Os textos são poéticos, rimados e publicados em pequenos
livros de papel feitos manualmente pelos próprios autores. Eles são feitos com
apenas uma folha dobrada estrategicamente para formar oito páginas, mas alguns
podem chegar até 32. A venda também é feita pelos autores, geralmente em feiras
nordestinas ou nas ruas, onde são expostos em um fio de barbante.
Os temas são variados e representam, principalmente, a opinião do autor a respeito de algo na sociedade e no seu cotidiano. A linguagem não é impessoal e muito menos imparcial, são utilizadas várias técnicas de persuasão para convencer o leitor a acreditar nos acontecimentos narrados nos cordéis.
Os assuntos transitam entre aventuras, mitos, lendas,
romances, boatos e histórias cômicas. É muito comum encontrar também cordéis
que reproduzem desafios de ícones nordestinos como Lampião, Padre Cícero e Frei
Damião. Os temas mais sérios como os religiosos, políticos e sociais também
estão muito presentes. Grande parte dos autores aproveita para criticar a
realidade e as condições em que vivem, sempre abusando da ironia e do sarcasmo.
Podemos dizer que o cordel também tem caráter jornalístico, já que os desastres, as inundações, as secas, os cangaceiros, as reviravoltas políticas são retratadas em centenas de títulos por ano. Um bom exemplo disso é o cordel intitulado “A lamentável morte de Getúlio Vargas", que foi feito imediatamente após o cordelista Delarme Monteiro da Silva escutar a notícia do suicido do ex-presidente no rádio. O sucesso foi tanto que ele vendeu 700 mil exemplares em apenas dois dias. Outros assuntos da mídia que tiveram grande repercussão foram "O trágico romance de Doca e Ângela Diniz" e "Carta do Satanás a Roberto Carlos”, este último inspirado na música "Quero que vá tudo pro inferno”, do rei da Jovem Guarda.
Entre os autores principais estão Leandro Gomes de Barros e João Martins de Atahyde. Leandro foi o pioneiro na publicação, edição e venda dos poemas e lançou o primeiro cordel em 1893. Ele foi o mais famoso e importante cordelista e vendeu mais de um milhão de exemplares do seu livreto “O Cachorro dos Mortos”.
Já João, foi o que mais produziu, além dos seus inúmeros escritos, ainda comprou os direitos autorais das obras de Leandro quando ele faleceu. Cuíca de Santo Amaro, também foi um importante autor e talvez o mais radical de todos. Fazia denúncias contra corruptos de sua época e era amigo íntimo de Jorge Amado, que o incluiu como personagem em alguns de seus contos, como o famoso “A Morte de Quincas Berro D’água”.
Outra
característica marcante da literatura de cordel são as xilogravuras. Esse
método de ilustração é primeiramente esculpido em madeira e depois impresso no
papel. As capas dos livretos são sempre ilustradas com esses desenhos e,
atualmente, muitos xilógrafos nordestinos vendem suas gravuras individualmente.
Esta
manifestação popular já foi muito estigmatizada e sofreu muitos preconceitos
pela informalidade de sua estrutura e linguagem. Com o passar dos anos, passou
a ser cada vez mais respeitada e hoje é admirada por muitas pessoas em
diferentes lugares do país, tendo ganhado, inclusive, uma Academia Brasileira
de Literatura de Cordel.
Juntando
poesia, gravura e protestos, a literatura de cordel representa uma das mais
interessantes expressões da arte brasileira. Além disso, influenciou renomados
escritores brasileiros como Jorge Amado, Guimarães Rosa e José Lins do Rego,
mostrando que nem sempre o que é popular é de baixa qualidade.
Fontes: culturanordestina.blogspot.com.br
http://lounge.obviousmag.org/memorias_do_subsolo/2013/01/literatura-de-cordel-a-memoria-do-sertao-em-folhetos-de-papel.html
https://www.todamateria.com.br/literatura-de-cordel/
Oi Elza
ResponderExcluirEu sou apaixonada por literatura de cordel. Minha monografia de pós graduação foi sobre Cordel. E vendo aqui as vinhetas da novela "Cordel Encantado" me lembrei da releitura que fiz com meus alunos. Eles recontaram a história usando a literatura de cordel
Adorei ver o cordel aqui divulgado
Beijos
Feliz em saber que gostas da literatura de cordel. Que interessante , foi o tema escolhido para seu trabalho científico. Seja sempre bem vinda querida. A Lourdes me falou que és uma grande poetisa. Bjuss
ExcluirEu de novo Elza
ResponderExcluirVou deixar aqui o link do meu blog de cordel
Quando tiver um tempinho passa lá para conhecer
http://socordell.blogspot.com.br/
Beijos
Com certeza, irei seguir. Obrigada, bjus
ExcluirNossa me encantei eu adoro cordéis, que delícia de se ler, muito bom mesmo e saber mais sobre eles é muito bom, grata bjos Luconi
ResponderExcluirObrigada minha amiga, feliz em t~e-la como colaboradora em postagens maravilhosas. Obrigada! Volte sempre, abraços
ExcluirMaravilhoso post,querida amiga Eliane.
ResponderExcluirE uma aula sobre a literatura de cordel,que adoro por sua simplicidade e autenticidade. Esse é o Brasil!
Beijos sabor carinho e uma noite de Paz
Donetzka
Obrigada querida, seja sempre bem vinda! Abraços
ExcluirObrigado pela postagem no inicio da página de meu poema MEU SERTÃO. Abraços!
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