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terça-feira, 22 de agosto de 2017

CONHEÇA UM POUCO SOBRE A LITERATURA DE CORDEL

Literatura de Cordel





Meu sertão
Paulo Gondim



Meu sertão quando tá seco
É triste de fazer dó
Seca água nos açudes
A pastagem vira pó
Morre o gado no curral
E o galo no quintal
Não canta, pois ficou só


Chega a noite, o sertanejo
Olha o céu e desvanece
A nuvem escura sumiu
A barra desaparece
Vai dormir desconsolado
Acorda desanimado
E a tristeza permanece


Mas o nordestino é forte
Não se cansa de esperar
Mas um dia a sorte muda
É preciso confiar
Olha pro céu novamente
Sonha ver alegremente
A chuva logo chegar


E quando a chuva aparece
Até o pó vira lama
O Galo volta a cantar
O gado come na rama
Tendo chuva, tem fartura
Arroz, feijão e mistura
Toda noite amor na cama


E com chuva no Sertão
A natureza floresce
O sertanejo se alegra
E da mulher não se esquece
Não liga mais pra fraqueza
Nove meses, com certeza,
Menino novo aparece



   A Literatura de Cordel é uma manifestação literária da cultura popular brasileira.
Ela típica do nordeste do país, sendo muito notória nos estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará.



Origem


    O termo “Cordel” é de herança portuguesa. Essa manifestação artística foi introduzida por eles no país em fins do século XVIII.
Na Europa, ela começou a aparecer no século XII em outros países, tais quais França, Espanha, Itália, popularizando com o Renascimento.

     No Brasil, a literatura de cordel representa uma manifestação tradicional da cultura interiorana do nordeste que adquiriu força no século XIX, sobretudo, entre 1930 e 1960.

    É por meio da oralidade e da presença de elementos da cultura brasileira que ela possui uma importante função social: informar e divertir os leitores.
Em sua origem, muito poetas vendiam seus trabalhos nas feiras das cidades. Todavia, com o passar do tempo e o advento do rádio e da televisão, sua popularidade foi decaindo.

    No Brasil, a literatura de cordel influenciou diversos escritores, por exemplo: João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, Guimarães Rosa, dentre outros.


Principais Características

Oposta à literatura tradicional (impressa nos livros), a literatura de cordel é uma tradição literária regional.
Sua forma mais habitual de apresentação são os “folhetos”, pequenos livros com capas de xilogravura que ficam pendurados em barbantes ou cordas, e daí surge seu nome.
    A literatura de cordel é considerada um gênero literário geralmente feito em versos. Ele se afasta dos cânones na medida em que incorpora uma linguagem e temas populares.
Além disso, essa manifestação recorre a outros meios de divulgação, e nalguns casos, os próprios autores são os divulgadores de seus poemas.
Em relação à linguagem e o conteúdo, a literatura de cordel tem como principais características:

 Linguagem coloquial (informal)

 Uso de humor, ironia e sarcasmo

Temas diversos: folclore brasileiro, religiosos, profanos, políticos, episódios - históricos, realidade social, etc.

Presença de rimas, métrica e oralidade

Literatura de Cordel e Repente


A literatura de cordel e o repente são duas manifestações populares e culturais distintas. Embora sejam parecidas, essa relação gera muita confusão.

    Os textos são poéticos, rimados e publicados em pequenos livros de papel feitos manualmente pelos próprios autores. Eles são feitos com apenas uma folha dobrada estrategicamente para formar oito páginas, mas alguns podem chegar até 32. A venda também é feita pelos autores, geralmente em feiras nordestinas ou nas ruas, onde são expostos em um fio de barbante.

    Os temas são variados e representam, principalmente, a opinião do autor a respeito de algo na sociedade e no seu cotidiano. A linguagem não é impessoal e muito menos imparcial, são utilizadas várias técnicas de persuasão para convencer o leitor a acreditar nos acontecimentos narrados nos cordéis.

    Os assuntos transitam entre aventuras, mitos, lendas, romances, boatos e histórias cômicas. É muito comum encontrar também cordéis que reproduzem desafios de ícones nordestinos como Lampião, Padre Cícero e Frei Damião. Os temas mais sérios como os religiosos, políticos e sociais também estão muito presentes. Grande parte dos autores aproveita para criticar a realidade e as condições em que vivem, sempre abusando da ironia e do sarcasmo.


    Podemos dizer que o cordel também tem caráter jornalístico, já que os desastres, as inundações, as secas, os cangaceiros, as reviravoltas políticas são retratadas em centenas de títulos por ano. Um bom exemplo disso é o cordel intitulado “A lamentável morte de Getúlio Vargas", que foi feito imediatamente após o cordelista Delarme Monteiro da Silva escutar a notícia do suicido do ex-presidente no rádio. O sucesso foi tanto que ele vendeu 700 mil exemplares em apenas dois dias. Outros assuntos da mídia que tiveram grande repercussão foram "O trágico romance de Doca e Ângela Diniz" e "Carta do Satanás a Roberto Carlos”, este último inspirado na música "Quero que vá tudo pro inferno”, do rei da Jovem Guarda.

    Entre os autores principais estão Leandro Gomes de Barros e João Martins de Atahyde. Leandro foi o pioneiro na publicação, edição e venda dos poemas e lançou o primeiro cordel em 1893. Ele foi o mais famoso e importante cordelista e vendeu mais de um milhão de exemplares do seu livreto “O Cachorro dos Mortos”.

  Já João, foi o que mais produziu, além dos seus inúmeros escritos, ainda comprou os direitos autorais das obras de Leandro quando ele faleceu. Cuíca de Santo Amaro, também foi um importante autor e talvez o mais radical de todos. Fazia denúncias contra corruptos de sua época e era amigo íntimo de Jorge Amado, que o incluiu como personagem em alguns de seus contos, como o famoso “A Morte de Quincas Berro D’água”.

Outra característica marcante da literatura de cordel são as xilogravuras. Esse método de ilustração é primeiramente esculpido em madeira e depois impresso no papel. As capas dos livretos são sempre ilustradas com esses desenhos e, atualmente, muitos xilógrafos nordestinos vendem suas gravuras individualmente.
   Esta manifestação popular já foi muito estigmatizada e sofreu muitos preconceitos pela informalidade de sua estrutura e linguagem. Com o passar dos anos, passou a ser cada vez mais respeitada e hoje é admirada por muitas pessoas em diferentes lugares do país, tendo ganhado, inclusive, uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

    Juntando poesia, gravura e protestos, a literatura de cordel representa uma das mais interessantes expressões da arte brasileira. Além disso, influenciou renomados escritores brasileiros como Jorge Amado, Guimarães Rosa e José Lins do Rego, mostrando que nem sempre o que é popular é de baixa qualidade.

Fontes: culturanordestina.blogspot.com.br
http://lounge.obviousmag.org/memorias_do_subsolo/2013/01/literatura-de-cordel-a-memoria-do-sertao-em-folhetos-de-papel.html
https://www.todamateria.com.br/literatura-de-cordel/

9 comentários:

  1. Oi Elza
    Eu sou apaixonada por literatura de cordel. Minha monografia de pós graduação foi sobre Cordel. E vendo aqui as vinhetas da novela "Cordel Encantado" me lembrei da releitura que fiz com meus alunos. Eles recontaram a história usando a literatura de cordel
    Adorei ver o cordel aqui divulgado
    Beijos

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    1. Feliz em saber que gostas da literatura de cordel. Que interessante , foi o tema escolhido para seu trabalho científico. Seja sempre bem vinda querida. A Lourdes me falou que és uma grande poetisa. Bjuss

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  2. Eu de novo Elza
    Vou deixar aqui o link do meu blog de cordel
    Quando tiver um tempinho passa lá para conhecer
    http://socordell.blogspot.com.br/
    Beijos

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  3. Nossa me encantei eu adoro cordéis, que delícia de se ler, muito bom mesmo e saber mais sobre eles é muito bom, grata bjos Luconi

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    1. Obrigada minha amiga, feliz em t~e-la como colaboradora em postagens maravilhosas. Obrigada! Volte sempre, abraços

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  4. Maravilhoso post,querida amiga Eliane.

    E uma aula sobre a literatura de cordel,que adoro por sua simplicidade e autenticidade. Esse é o Brasil!
    Beijos sabor carinho e uma noite de Paz

    Donetzka

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  5. Obrigado pela postagem no inicio da página de meu poema MEU SERTÃO. Abraços!

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