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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Quem foi Clarice Lispector

 Quem foi Clarice Lispector



                                  Clarice Lispector: Sou composta por urgências: minhas...


Sou composta por urgências:
minhas alegrias são intensas;
minhas tristezas, absolutas.
Entupo-me de ausências,
Esvazio-me de excessos.
Eu não caibo no estreito,
eu só vivo nos extremos.


Pouco não me serve,
médio não me satisfaz,
metades nunca foram meu forte! 


Todos os grandes e pequenos momentos,
feitos com amor e com carinho,
são pra mim recordações eternas.
Palavras até me conquistam temporariamente...
Mas atitudes me perdem ou me ganham para sempre.


Suponho que me entender
não é uma questão de inteligência
e sim de sentir,
de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.



     Nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, Chaya Pinkhasovna Lispector é reconhecida como uma das mais importantes escritoras do século XX. Escreveu romances, contos e ensaios e também atuou como jornalista.
Clarice Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1920 em Chechelnyk, na Ucrânia. Sua família tinha origem judaica e emigraram para o Brasil em março de 1922, fixando-se na cidade de Maceió, Alagoas. Por iniciativa de seu pai, todos da família mudam de nome e Chaya então passou a se chamar Clarice.
Em 1925, a família muda-se para a cidade do Recife.
Clarice cresceu ouvindo iídiche, o idioma dos seus pais. Também estudou inglês, francês e aprendeu a ler e escrever com muita facilidade.
Com nove anos ficou órfã de mãe e em 1931 ingressou no Ginásio Pernambucano, considerado na época o melhor colégio público da cidade.
Em 1937 sua família muda-se para o Rio de Janeiro, no Bairro da Tijuca. Ingressou no Colégio Sílvio Leite e se tornou frequentadora assídua da biblioteca. Cursando Direito, com apenas 19 anos publicou “Triunfo”, seu primeiro conto; no semanário “Pan”.
Em 1943, formou-se em Direito e casou-se com o amigo de turma Maury Gurgel Valente. No mesmo ano, estreia na carreira literária com o romance "Perto do Coração Selvagem". A obra agradou a crítica e conquistou o Prêmio Graça Aranha.
O marido de Clarice era diplomata do Ministério das Relações Exteriores e ela o acompanhava nas constantes viagens. Assim conheceu Itália, Inglaterra, Estados Unidos e Suíça. Em 1959, Clarice se separa do marido e retorna ao Rio de Janeiro.
Começou a trabalhar no Jornal “Correio da Manhã”, escrevendo a coluna Correio Feminino. Em 1960 trabalhou no Diário da Noite, sendo responsável pela coluna Só Para Mulheres e também lançou "Laços de Família", um livro de contos que recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro.
Em 1961 publicou "A Maçã no Escuro", conquistando o prêmio de melhor livro do ano em 1962.
Em 1966, a autora dormiu com um cigarro aceso e sofreu várias queimaduras no corpo. Depois de várias cirurgias, opta pelo isolamento e dedica sua vida a escrever.
No ano seguinte publicou crônicas no “Jornal do Brasil” e lançou "O Mistério do Coelho Pensante". Tornou-se integrante do Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Livro.
Em 1969 recebeu o prêmio do X Concurso Literário Nacional de Brasília.
Em 1977 lançou "A Hora da Estrela", o seu último romance publicado em vida. A obra ganhou adaptação audiovisual e foi premiada no festival de cinema de Brasília em 1985. No ano seguinte, conquistou o Urso de Prata em Berlim.
Clarice Lispector morreu no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977. Seu sepultamento foi realizado no cemitério Israelita do Caju, zona norte da cidade.

Algumas obras:

Perto do Coração Selvagem, 1944
O Lustre, 1946
A Cidade Sitiada, 1949
Alguns Contos, 1952
Laços de Família, 1960
A Maçã no Escuro, 1961
A Paixão Segundo G.H., 1961
A Legião Estrangeira, 1964
O Mistério do Coelho Pensante, 1967
A Mulher Que Matou os Peixes, 1969
Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres, 1969
Felicidade de Clandestina, 1971
Água Viva, 1973
Imitação da Rosa, 1973
A Via Crucis do Corpo, 1974
A Vida Íntima de Laura, 1974
A Hora da Estrela, 1977
Arquivado em: Biografias, Escritores


A Perfeição

O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta. 


O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão. 


Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível. 


O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.



A Paixão Segundo GH (1964), Clarice Lispector

É o livro mais importante de Clarice Lispector, marcado por uma estrutura solta, que não tem começo nem fim — inicia e termina com reticências. O que o leitor acompanha é parte dos intermináveis questionamentos de uma narradora atormentada pela necessidade de se conhecer, ampliando metaforicamente o eu e o agora até os primórdios da vida no planeta.


4 comentários:

  1. Olá, Elza, que primor de postagem!!!Que belo e forte o primeiro poema, qual é o título?

    Mas o que terá Clarice que provoca tanto fascínio em alguns e perplexidade em outros? O que terão seus contos, romances, crônicas e livros infantis publicados que no decorrer de tantos anos se fala nela com entusiasmo, curiosidade à procura de decifrá-la, de classificar seu estilo, de defini-lo de enquadrá-la? Suas citações, seus pensamentos são procurados e com os quais milhares de pessoas se identificam ou tentam desvendar algum mistério ainda não descoberto.

    Deixo a você um link com mais curiosidades dessa mulher fantástica. Que bela sua matéria!
    https://taisluso.blogspot.com.br/2011/11/sobre-clarice-lispector.html

    Aplausos, Elza!
    Um beijo.

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    Respostas
    1. Querida Taís, obrigada pela visita e contribuição que sempre tem nos dado. Muito importante deixar mais links com curiosidades dessa mulher fantástica. Obrigada, volte sempre. Abraços

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  2. Desculpe, amiga, pedi a você o título do belo poema! Não reparei...
    SOU COMPOSTA POR URGÊNCIAS!
    Um beijo!

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    Respostas
    1. Amiga, realmente postei e esqueci do título, graças a você consertei. Obrigada, quem deve desculpas sou eu. Bjus

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