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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

VIDA E OBRAS DE LIMA BARRETO


    Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 na cidade do Rio de Janeiro. Enfrentou o preconceito por ser mestiço durante a vida. Ficou órfão aos sete anos de idade de mãe e, algum tempo depois, seu pai foi trabalhar como almoxarife em um asilo de loucos chamado Colônia de Alienados da Ilha do Governador.

Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica, contudo, teve que abandonar a faculdade de Engenharia, pois seu pai havia sido internado, vítima de loucura, e o autor foi obrigado a arcar com as despesas de casa.

Como leu bastante após a conclusão do segundo grau, sua produção textual era de excelente qualidade, foi então que iniciou sua atividade como jornalista, sendo colaborador da imprensa. Contribuiu para as principais revistas de sua época: Brás Cubas, Fon-Fon, Careta, etc. No entanto, o que o sustentava era o emprego como escrevente na Secretaria de Guerra, onde aposentaria em 1918.

Não foi reconhecido na literatura de sua época, apenas após sua morte. Viveu uma vida boêmia, solitária e entregue à bebida. Quando tornou-se alcoólatra, foi internado duas vezes na Colônia de Alienados na Praia Vermelha, em razão das alucinações que sofria durante seus estados de embriaguez.

Lima Barreto fez de suas experiências pessoais canais de temáticas para seus livros. Em seus livros denunciou a desigualdade social, como em Clara dos Anjos; o racismo sofrido pelos negros e mestiços e também as decisões políticas quanto à Primeira República. Além disso, revelou seus sentimentos quanto ao que sofreu durante suas internações no Hospício Nacional em seu livro O cemitério dos vivos.

Sua principal obra foi Triste fim de Policarpo Quaresma, no qual relata a vida de um funcionário público, nacionalista fanático, representado pela figura de Policarpo Quaresma. Dentre os desejos absurdos desta personagem está o de resolver os problemas do país e o de oficializar o tupi como língua brasileira.


Vejamos um trecho de Triste fim de Policarpo Quaresma:


“Demais, Senhores Congressistas, o tupi-guarani, língua originalíssima, aglutinante, é verdade, mas a que o polissintetismo dá múltiplas feições de riqueza, é a única capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais, por sua criação de povos que aqui viveram e ainda vivem, portanto possuidores da organização fisiológica e psicológica pare que tendemos, evitando-se dessa forma as estéreis controvérsias gramaticais, oriundas de uma difícil adaptação de um língua de outra região à nossa organização cerebral e ao nosso aparelho vocal – controvérsias que tanto empecem o progresso da nossa cultura literária, científica e filosófica.”
Lima Barreto faleceu no primeiro dia do mês de novembro de 1922, vítima de ataque cardíaco, em razão do alcoolismo.

Principais Obras

Lima Barreto é dono de uma vasta obra. Escreveu romances, contos, poesias e críticas. De suas obras destacam-se:
Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909)
Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
Numa e ninfa (1915)
Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919)
Os bruzundangas (1923)
Clara dos Anjos (1948)
Diário Íntimo (1953)
Cemitério dos Vivos (1956)

Características das Obras

    As obras de Lima Barreto apresentam uma linguagem coloquial e fluida. Uma das características é o teor satírico e humorístico presente em seus escritos.
Em grande parte, suas obras estão pautadas na temática social, expressando muitas injustiças como preconceito e o racismo.

Além disso, criticou os modelos políticos da República Velha e do Positivismo. Foi simpatizante do socialismo e do anarquismo, rompendo com o nacionalista ufanista.

Triste Fim de Policarpo Quaresma

  Sua obra que merece destaque é o “Triste Fim de Policarpo Quaresma”. Ela foi escrita em 1911 nos folhetins e representa uma das mais importantes do movimento pré-modernista.
Narrada em terceira pessoa, apresenta uma linguagem coloquial e trata-se de uma crítica à sociedade urbana da época.
Ela foi adaptada para o cinema em 1998 intitulada: Policarpo Quaresma, Herói do Brasil.


Frases de Lima Barreto

“O Brasil não tem povo, tem público.”
“Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa.”

“E chegada no mundo - escrevia em 1948 - a hora de reformarmos a sociedade, a humanidade, não politicamente, que nada adianta; mas socialmente, que é tudo.”

“O football é uma escola de violência e brutalidade e não merece nenhuma proteção dos poderes públicos, a menos que estes nos queiram ensinar o assassinato.”

“Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro.”


Por: Daniela Diana Professora licenciada em Letras
Fontes: http://brasilescola.uol.com.br/literatura/lima-barreto-1.htm

https://www.todamateria.com.br/lima-barreto/

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