Seguidores

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

José Lins do Rego Vida e obras


José Lins do Rego Vida e obras

    Nascido em Pilar na Paraíba, José Lins do Rego (1901-1957) concentra a maior expressão de sua prosa na decadência da estrutura social e econômica dos latifúndios e engenhos de açúcar, influência de sua infância e adolescência vividas no engenho e seu avô paterno, o coronel José Paulino.
  Cursou Direito em Recife, período em que conviveu com o grupo modernista ali emergente, formado por José Américo de Almeida, Gilberto Freire e outros. Ao atuar como promotor em Maceió, onde escreveu seus primeiros romances, tornou-se amigo de Graciliano Ramos, Jorge de Lima e Rachel de Queiroz. Atuou também na imprensa, na vida diplomática e, pouco antes de morrer, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Num misto de ficção e lembranças de sua vida de menino, o escritor retrata, no conjunto de sua obra, a vida nordestina na visão de quem participou ativamente dela, num período de grandes transformações de natureza econômica e social, resultado da decadência do engenho que começava a ser substituído pela usina moderna. Isso numa linguagem regionalista, popular e fluida.
Ao contar a história de sua terra, segundo o crítico Peregrino Júnior, José Lins do Rego nos apresenta um “documentário autêntico de toda a vida do Nordeste: o mandonismo dos coronéis, o conflito entre os patriarcas rurais e os jovens bacharéis fracassados, a luta da indústria (usinas) contra o ‘atraso feudal’ (engenhos)”; de acordo com o crítico, “o drama do fanatismo popular, as tropelias heróicas dos bandoleiros soltos a fazer justiça com as próprias mãos, as intrigas miúdas da política municipal”, isso tudo o escritor mostra poeticamente, de forma dolorosa, como a vida de toda a gente dos engenhos, canaviais e das casas-grandes do Nordeste.
A prosa de José Lins do Rego foi dividia, por ele mesmo, em dois ciclos: o da cana-de-açúcar, que compreende “Fogo Morto”, sua obra-prima, “Menino de Engenho”, “Usina”, “Doidinho” e “Bangüê”. “Pedra Bonita” e “Cangaceiros” compõem o ciclo do cangaço, seca e misticismo. Além dessas obras, publicou ainda “Riacho Doce”, adaptada para a televisão e cinema, “Moleque Ricardo”, “Pureza”, “Água Mãe” e “Eurídice”.
José Lins do Rego pode não apresentar uma análise crítica e social em suas obras, como a de seu amigo Graciliano Ramos. No entanto, como poucos, transpôs para literatura o imaginário do povo nordestino que, antes dele, só aparecia nas narrativas orais, nos repentes e na literatura de cordel.

Principais obras de José Lins do Rego

- Menino de engenho (1932)
- Doidinho (1933)
- Bangüê (1934)
- O Moleque Ricardo (1935)
- Usina (1936)
- Pureza (1937)
- Pedra bonita (1938)
- Riacho doce (1939)
- Fogo morto (1943)
- Eurídice (1947)
- Cangaceiros (1953)
- Gordos e magros (1942)
- Poesia e vida (1945)
- Homens, seres e coisas (1952)
- A casa e o homem (1954)
- Meus verdes anos (1956)
- O vulcão e a fonte (1958)
- Dias idos e vividos (1981)





Fogo Morto (1943), José Lins do Rego

    É a obra máxima do Ciclo da Cana de Açúcar, construída com recursos narrativos modernos, longe da memorialística de outros livros do autor. Em “Fogo Morto” ele transforma em mito e em fantasmagoria o fim de um período colonial da história do Brasil, mostrando a falência do modelo social dos engenhos, do qual ele se sente órfão. Aqui, a matéria nordestina ganha uma estrutura narrativa de planos que se sobrepõem, condensando todo um tempo.
Fontes:
http://www.suapesquisa.com/pesquisa/linsdorego.htm
CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira em diálogo com outras literaturas. 3 ed. São Paulo, Atual editora, 2005, p.454-6.
SARMENTO, Leila Lauar. Português: Literatura, Gramática e Produção de Texto. São Paulo, Moderna, 2004, p. 152.




   Chego ao fim e vos agradeço a eleição. Não rastejei, não vos namorei com olhos compridos de namorado impertinente. Destes-me esta cadeira sem esforços e sem trabalho. Agradeço-vos, e serei vosso companheiro sem torcer a minha natureza. O homem José Lins do Rego continuará intacto com as suas deficiências e as suas possíveis qualidades, pronto ao serviço de Machado de Assis, o capitão de todos nós.

José Lins do Rego



Nenhum comentário:

Postar um comentário