Simbolismo no Brasil
O simbolismo no Brasil surge em 1893, com a publicação de
"Missal" e "Broquéis", de Cruz e Souza, considerado o maior
representante do movimento no país, ao lado de Alphonsus de Guimarães.
Características do Simbolismo
- Não-racionalidade
- Subjetivismo, individualismo e imaginação
- Espiritualidade e transcendentalidade
- Subconsciente e inconsciente
- Musicalidade e misticismo
- Figuras de linguagem: sinestesia, aliteração, assonância
Autores Brasileiros Simbolistas
Cruz e Sousa
(1861-1898)
Considerado o precursor do simbolismo no Brasil, João da Cruz e Sousa foi um poeta
brasileiro nascido em Florianópolis.
Sua obra é marcada pela musicalidade e espiritualidade com
temáticas individualistas, satânicas, sensuais. Suas principais obras: Missal
(1893), Broquéis (1893), Tropos e fantasias (1885), Faróis (1900) e Últimos
Sonetos (1905).
Representado por poetas como Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens,
o Simbolismo no Brasil prenunciou importantes movimentos literários do século
XX.
O Simbolismo no Brasil foi representado, principalmente, por
Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens. A temática simbolista apoia-se na
subjetividade.
(Sinfonias
do Ocaso – Cruz e Sousa)
Musselinosas
como brumas diurnas
descem do ocaso as sombras harmoniosas,
sombras veladas e musselinosas
para as profundas solidões noturnas.
Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
os céus resplendem de sidéreas rosas,
da Lua e das Estrelas majestosas
iluminando a escuridão das furnas.
Ah! por estes sinfônicos ocasos
a terra exala aromas de áureos vasos,
incensos de turíbulos divinos.
Os plenilúnios mórbidos vaporam ...
E como que no Azul plangem e choram
cítaras, harpas, bandolins, violinos ...
descem do ocaso as sombras harmoniosas,
sombras veladas e musselinosas
para as profundas solidões noturnas.
Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
os céus resplendem de sidéreas rosas,
da Lua e das Estrelas majestosas
iluminando a escuridão das furnas.
Ah! por estes sinfônicos ocasos
a terra exala aromas de áureos vasos,
incensos de turíbulos divinos.
Os plenilúnios mórbidos vaporam ...
E como que no Azul plangem e choram
cítaras, harpas, bandolins, violinos ...
O poema que
você leu pertence a Cruz e Sousa, principal poeta simbolista brasileiro. O
Simbolismo constituiu-se na Europa, principalmente na França e na Bélgica,
alcançando a poesia brasileira no final da década de 80, século XIX.
Podemos perceber que o autor explora bastante o recurso da sinestesia dando enfoque principal ao olfato ao citar: “Os céus resplendem de sidéreas rosas”, e à audição em: “E como que no Azul plangem e choram cítaras, harpas, bandolins, violinos...”.
Como toda
estética literária, o Simbolismo também surgiu sob forte influência de
correntes ideológicas e do contexto histórico, cultural e social da época em
voga.
E por assim dizer, o final do século XIX representou uma sociedade marcada por um sentimento de total inquietação proveniente das descobertas científicas tanto difundidas pela era do Realismo, que, como toda mudança, desencadeou um processo de indefinições quanto a valores e convicções inerentes ao ser humano.
E por assim dizer, o final do século XIX representou uma sociedade marcada por um sentimento de total inquietação proveniente das descobertas científicas tanto difundidas pela era do Realismo, que, como toda mudança, desencadeou um processo de indefinições quanto a valores e convicções inerentes ao ser humano.
Em consonância com esta problemática, destacava a enorme crise social desencadeada pela disputa econômica entre as grandes potências mundiais com o advento da Revolução Industrial, que obteve como fator resultante, as duas grandes guerras mundiais.
Diante disso, o ser humano constituía uma visão patética e dramática perante a sociedade que o cercava, sentindo-se impotente e enclausurado em meio a tantas tensões e contradições.
Refletindo, portanto, na literatura e nas artes de uma forma geral, que com uma força tamanha e brutal, os artistas retomaram o sentimentalismo subjetivo tanto cultuado pelos românticos, porém partindo para uma visão transcendental influenciada nas ideias de Sigmund Freud: a descoberta pelo “eu” nas camadas mais profundas que habita o ser: o inconsciente e o subconsciente.
Diante de uma visão extremamente pessimista do mundo, os simbolistas procuravam no mais profundo “eu” uma resposta para todas estas inquietações procurando solucionar todo este sentimento de angústia. Mas qual era a forma de expressá-lo?
Através de imagens simbólicas, as quais eram traduzidas pelas seguintes características:
- Conhecimento ilógico e intuitivo da realidade - Para encarar o mundo real, os artistas apostavam numa visão intuitiva e obscura da realidade, explorando principalmente o sistema sensorial (visão, tato, olfato, paladar e audição).
- Predomínio do subjetivismo, pois mediante o “contexto”, o resultado não poderia ser outro, senão uma visão individualista do mundo que os cercava.
- Emprego da sinestesia - Para expressar as imagens e sensações, o artista promovia uma inusitada combinação, na qual se estabelecia uma combinação simultânea entre os diferentes órgãos do sentido.
- Concepção mística do mundo - Em consequência da busca pelo mundo “ideal”, difundiam bastante uma fé cristã mais voltada para o mistério e para o misticismo.
- Sentimento de alienação frente à sociedade - Para os simbolistas, o que importava era a busca incessante do próprio “eu”. Funcionando como uma espécie de fuga diante da realidade, sendo que uma visão objetiva da mesma cedia lugar para a análise introspectiva das impressões causadas no artista, diante desta realidade.
Alphonsus de
Guimarães (1870-1921)
Um dos principais poetas simbolistas do Brasil, Afonso
Henrique da Costa Guimarães possui uma obra marcada pela sensibilidade,
espiritualidade, misticismo, religiosidade, com temas como a morte, a solidão,
o sofrimento e o amor.
Sua produção literária apresenta características
neo-romântico, árcades e simbolistas. Suas.principais obras: Setenário das
dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Kyriale (1902), Pastoral
aos crentes do amor e da morte (1923).
Ismália
(Alphonsus de Guimaraens)
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
A Catedral
(Alphonsus de Guimaraens)
Entre brumas ao longe surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.
Entre brumas ao longe surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus.
E o sino clama em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Poe-se a luz a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem acoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.
E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
Augusto dos Anjos (1884-1914)
Augusto dos Anjos
foi um dos grandes poetas brasileiros simbolistas, embora, muitas vezes, sua
obra apresente características pré-modernas.
Patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras,
publicou um livro intitulado "Eu" e foi chamado de "Poeta da
morte" uma vez que seus poemas exploram temas sombrios.
Psicologia de um Vencido
Augusto do Anjos
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Na frialdade inorgânica da terra!
Ao contrário
do que aconteceu na Europa, onde o Simbolismo contou com maior destaque em
relação ao Parnasianismo, no Brasil o movimento ficou à sombra da poesia
parnasiana, que ganhou a simpatia das camadas mais cultas do país, sobretudo em
virtude do preciosismo da métrica e linguagem. Embora não contasse com o mesmo
prestígio, a poesia simbolista brasileira deixou uma contribuição
significativa, prenunciando os movimentos literários do século XX.
No Brasil,
as inovações estiveram relacionadas com o plano temático e com o plano formal,
com uma poesia permeada pelo subjetivismo, representado pelos sofrimentos
universais, o amor, a morte e a religiosidade.
Fontes:
http://portugues.uol.com.br/literatura/simbolismo-no-brasil.html
http://brasilescola.uol.com.br/literatura/o-simbolismo-no-brasil.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/cruz-e-sousa-o-principal-poeta-simbolista-brasileiro.htm
Pesquisa e organização da postagem:
Professoras: Lourdes Duarte
Elza Interaminense
Um texto rico em informações sobre esse movimento literário e os principais poetas que o abraçaram. Parabéns por essa aula maravilhosa!
ResponderExcluirBeijos carinhosos!
Obrigada querida, seja sempre bem vinda! Bjus
ResponderExcluirhoje querida Elza , me lembrei das aulas da literatura do colégio.
ResponderExcluirtinha uma excelente professora de literatura, que me fez apaixonar por leituras.
professora Marieclaire do colégio estadual do paraná, aqui de Curitiba.
das aulas de simbolismo, ficou uma frase em minha mente, que nós meninas na época achávamos muita graça e por repetir e se divertir acabamos gravando.
a catedra ebúrnea dos meus sonhos, pobre alphonsus , pobre alphonsus.
mesmo brincando estávamos absorvendo todo este maravilhoso conteúdo e conhecimento.
grande abraço Elza e maravilhoso post, sempre aprendo muito com você.
:o)
Um post muito interessante e elucidativo, gostei de conhecer o simbolismo!
ResponderExcluirObrigada pela sua visita e por seguir, continuarei a visitar o seu blogue!
Beijinho
Excelente post,querida amiga Elza.
ResponderExcluirUma aula completa de literatura! Lembrei,também,de meus tempos de Faculdade e adorava Augusto dos Anjos,Alphonsus e outros.Amo ler!
Estou recomendando seu blog para muitos jovens que conheço,incluindo minha filha.
Está ajudando e muito esses estudantes.
Parabéns pelo espaço.
Obrigada pelas visitas,minha linda.
Beijos sabor carinho e uma noite de quinta_feira de bênçãos
Donetzka
Blog Magia de Donetzka
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito interessante.
ResponderExcluirO que eu aprendo por aqui...
Bom fim de semana, amiga Elza.
Beijo.
Obrigada amigo! Seja sempre bem vindo!
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