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sexta-feira, 15 de setembro de 2017

CONTINUAÇÃO DOS TEMAS: Gêneros literários, Tipos de textos literários e textos não literários.




Gêneros literários
Tipos de textos literários
 Textos não literários.  


A Literatura é uma manifestação artística difícil de ser conceituada. Para nos ajudar a melhor entendê-la, Aristóteles, em sua Arte Poética, definiu aquilo que chamamos de gêneros literários. Portanto, é interessante observar que a história da teoria dos gêneros pode ser contada a partir da Antiguidade greco-romana, quando também surgiram as primeiras manifestações poéticas da cultura ocidental.

O texto literário se organiza em gêneros literários.

Os textos literários são divididos em dois grupos: textos em verso, textos em prosa.
Amor

Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez! 


Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir! 


Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

Álvares de Azevedo

 Os textos em verso são os poemas, aqueles que são formados por versos; os textos em prosa são aqueles construídos em linha reta, organizados em frases, parágrafos, capítulos, partes etc.
Os gêneros literários reúnem um conjunto de obras que apresentam características análogas de forma e conteúdo. Essa classificação pode ser feita de acordo com critérios semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais, entre outros.
     Eles se dividem em três categorias básicas: gêneros épico, lírico e dramático. Vale salientar também que, atualmente, os textos literários são organizados em três gêneros: narrativo, lírico e dramático.

     Gênero literário (mais amplamente conhecido como gêneros literários) é geralmente dividido, desde a Antiguidade, em três grupos: narrativo ou épico, lírico e dramático. Essa divisão partiu dos filósofos da Grécia antiga, Platão e Aristóteles, quando iniciaram estudos para o questionamento daquilo que representaria o literário e como essa representação seria produzida.

    Essas três classificações básicas fixadas pela tradição englobam inúmeras categorias menores, comumente denominadas subgêneros.

O gênero lírico se faz, na maioria das vezes, em versos. Entretanto, os outros dois gêneros — o narrativo e o dramático — também podem ser escritos nessa forma, embora modernamente prefira-se a prosa.

    Todos as modalidades literárias são influenciadas pelas personagens, pelo espaço e pelo tempo. Todos os gêneros podem ser não-ficcionais ou ficcionais. Os não-ficcionais baseiam-se na realidade, e os ficcionais inventam um mundo, onde os acontecimentos ocorrem coerentemente com o que se passa no enredo da história.


*  Gênero narrativo
O Textos narrativos
*  Gênero lírico
O Textos líricos
*  Texto dramático
* Subclassificações dos gêneros
* Outros
*  Referências


Gênero narrativo

   O gênero narrativo nada mais faz do que relatar um enredo, sendo ele imaginário ou não, situado em tempo e lugar determinados, envolvendo uma ou mais personagens, e assim o faz de diversas formas. As narrativas utilizam-se de diferentes linguagens: a verbal (oral ou escrita), a visual (por meio da imagem), a gestual (por meio de gestos), além de outras.

Quanto à estrutura, ao conteúdo e à extensão, pode-se classificar as obras narrativas em romances, contos, novelas, poemas épicos, crônicas, fábulas e ensaios. Quanto à temática, às narrativas podem ser histórias policiais, de amor, de ficção e etc.

Todo texto que traz foco narrativo, enredo, personagens, tempo e espaço, conflito, clímax e desfecho é classificado como narrativo
Textos narrativos.


Gênero épico ou narrativo: No gênero épico ou narrativo há a presença de um narrador, responsável por contar uma história na qual as personagens atuam em um determinado espaço e tempo. Pertencem a esse gênero as seguintes modalidades:

Gênero épico ou narrativo: No gênero épico ou narrativo há a presença de um narrador, responsável por contar uma história na qual as personagens atuam em um determinado espaço e tempo. Pertencem a esse gênero as seguintes modalidades:

Épico;
Fábula;
Epopeia;
Novela;
Conto;
Crônica;
Ensaio;
Romance.

Gêneros épico :

Nos textos que pertencem ao gênero épico há a presença de um narrador que conta uma história que envolve terceiros.
Os textos épicos narram a história de um povo ou de uma nação, geralmente são textos longos envolvendo viagens, guerras, aventuras, gestos heroicos e há exaltação de heróis e seus feitos.
Por Luana Castro
Graduada em Letras


Seguem, abaixo, modalidades textuais pertencentes ao gênero narrativo.

* Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos de carácter verossímil.
* Fábula: é um texto de carácter fantástico que busca ser inverossímil (não tem nenhuma semelhança com a realidade). As personagens principais são animais ou objetos, e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.

* Epopeia ou Épico: é uma narrativa feita em versos, num longo poema que ressalta os feitos de um herói ou as aventuras de um povo. Três belos exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, Ilíada e Odisseia, de Homero.

* Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevialidade do conto. O personagem se caracteriza existencialmente em poucas situações. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.

* Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores (conto popular). Caracteriza-se por personagens previamente retratados. Inicialmente, fazia parte da literatura oral e Boccaccio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com a publicação de Decamerão.

* Crônica: é uma narrativa informal, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial, breve, com um toque de humor e crítica.

* Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, literário, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico.


Gênero lírico: O gênero lírico é o texto onde há a manifestação de um eu lírico. Esse expressa suas emoções, ideias, mundo interior ante o mundo exterior. São textos subjetivos, normalmente os pronomes e verbos estão em 1ª pessoa e a musicalidade das palavras é explorada.

Olhei até ficar cansado
De ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado
As flores que estão no canteiro
Os pulsos e os punhos cortados
E o resto do meu corpo inteiro.

(Titãs)

    Os textos do gênero lírico, que expressam sentimentos e emoções, são permeados pela função poética da linguagem. Neles há a predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa, além da exploração da musicalidade das palavras. Estão, entre as principais estruturas utilizadas para a composição do poema:
Elegia;
Ode;
Écloga;
Soneto.


Seguem, abaixo, modalidades textuais pertencentes ao gênero lírico.

* Ode: é um texto de cunho entusiástico e melódico, em geral, uma música.
* Hino: é um texto de cunho glorificador ou até santificador. Os hinos de países e as músicas religiosas são exemplos de hinos.

* Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos, com rima geralmente em A-B-A-B A-B-B-A C-D-C D-C-D.

* Haicai ou haiku:
é uma forma de poesia japonesa, sem rima, constituídos normalmente por três versos na ordem de 5-7-5 sílabas.


Gênero dramático: De acordo com a definição de Aristóteles em sua Arte Poética, os textos dramáticos são próprios para a representação e apreendem a obra literária em verso ou prosa passíveis de encenação teatral. A voz narrativa está entregue às personagens, atores que contam uma história por meio de diálogos ou monólogos.


       O gênero dramático expõe o conflito dos homens e seu mundo, as manifestações da miséria humana. Os textos que são produzidos com o intuito de serem dramatizados pertencem ao gênero dramático; assim, os atores fazem o papel das personagens.



 Pertencem ao gênero dramático os seguintes textos:

Auto;
Comédia;
Tragédia;
Tragicomédia;
Farsa.

    É muito difícil ter definição de texto dramático que o diferencie dos demais gêneros textuais, já que existe uma tendência atual muito grande em teatralizar qualquer tipo de texto. No entanto, a principal característica do texto dramático é a presença do chamado texto principal, composto pela parte do texto que deve ser dito pelos autores na peça e que, muitas vezes, é induzido pelas indicações cênicas, rubricas ou didascálias, texto também chamado de secundário, que informa os atores e o leitor sobre a dinâmica do texto principal. Por exemplo, antes da fala de um personagem é colocada a expressão: «com voz baixa», indicando como o texto deve ser falado.

Já que não existe narrador nesse tipo de texto, o drama é dividido entre as duas personagens locutoras, que entram em cena pela citação de seus nomes.

"Classifica-se de drama toda peça teatral caracterizada por seriedade, ou solenidade, em oposição à comédia propriamente dita".
Subclassificações dos gêneros

* Elegia — é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto. Um bom exemplo é a peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare. * Epitalâmia — é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas Noites Nupciais.
* Sátira — é um texto de caráter ridicularizador, podendo ser também uma crítica indireta a algum fato ou a alguém. Uma piada é um bom exemplo de sátira.
* Farsa — é um texto onde os personagens principais podem ser duas ou mais pessoas diferentes e não serem reconhecidos pelos feitos dessa pessoa.
* Tragédia — representa um fato trágico e tende a provocar compaixão e terror.




Linguagem literária e não literária

    A linguagem literária apresenta algumas singularidades, entre elas a complexidade e a multissignificação, responsáveis por diferenciá-la da chamada linguagem não literária.
Existem, basicamente, dois grandes grupos de texto quando o assunto é a linguagem. Temos os chamados textos não literários e os chamados textos literários, que serão nosso objeto de análise. É fundamental observar os recursos linguísticos empregados em cada tipo de discurso para assim classificá-los corretamente. Nos textos literários, cuja linguagem literária predomina, existem alguns aspectos que devem ser considerados.
A notícia é um exemplo de texto não literário.


Distinguir a linguagem literária da não literária não é tão difícil. Apesar de haver aspectos convergentes nos dois tipos de discurso, Domício Proença Filho, notável pesquisador da língua portuguesa e da Literatura brasileira, definiu algumas particularidades que somente são observadas em um texto literário. São elas:

 Complexidade: é uma das características do discurso literário. Talvez seja por esse motivo que muitos leitores ainda encontrem certa resistência aos textos literários, já que a Literatura não tem compromisso em dar às palavras seus exatos sentidos, o que certamente pode ser um entrave linguístico. Nos textos literários, a semântica é subvertida, bem como as regras da gramática normativa.

Multissignificação: diz respeito às variadas interpretações que um texto literário permite. A subjetividade e o emprego de recursos estilísticos são responsáveis por essa variação de sentidos. Cada leitor, de acordo com seu senso estético e repertório cultural, pode fazer uma leitura diferente para um poema, um conto, uma crônica e demais textos literários.

Conotação: O emprego da conotação é uma das principais características do discurso literário, pois ela permite que ideias e associações extrapolem o sentido original da palavra, assumindo assim um sentido figurado e simbólico. Por isso o emprego de tantas figuras de linguagem e figuras de sintaxe, elementos inerentes à linguagem literária.

Liberdade na criação: O artista não possui compromisso apenas com o objeto linguístico. A literatura tem um forte apelo estético, e por esse motivo quem escreve utilizando o discurso literário pode afastar-se dos padrões convencionais da língua, inventando assim novas maneiras de expressão.

Variabilidade: Na linguagem literária, assim como na língua, ocorrem mudanças culturais que podem ser observadas no discurso individual e no discurso cultural.

   A linguagem literária pode ser encontrada em vários gêneros, como na prosa, nas narrativas de ficção, na crônica, no conto, na novela, no romance e nos poemas. Compreendê-la demanda cuidado e aguçado senso estético para interpretar e analisar esse tipo de discurso que foge das convenções e oferece o que a arte da literatura tem de melhor.

Prosa Poética

A principal característica da prosa poética está na dinâmica extensiva do texto, em geral, com imagens invocadas. Segue um processo semelhante ao encontrado no romance ou conto.
A prosa poética recorre a figuras típicas da poesia, como a aliteração, a metáfora, a elipse, e a sonoridade das frases.
A aplicação dos elementos, contudo, é subordinada ao alongamento do discurso narrativo, cuja tendência é o olhar lírico sobre a realidade.

Exemplos:


Grande Sertão Veredas

Entre os principais exemplos de prosa poética na obra da literatura brasileira está “Grande Sertão Veredas”, de João Guimarães Rosa.
Também é listado pela Academia Brasileira de Letras como um dos exemplos mais singulares da prosa poética.
Ambos são considerados exemplos de prosa levada ao estado de poesia sem, porém, abrir mão da estética narrativa extensiva.

Reze o senhor por essa minha alma. O senhor acha que a vida é tristonha? Mas ninguém não pode me impedir de rezar; pode algum? O existir da alma é a reza... Quando estou rezando, estou fora de sujidade, à parte de toda loucura. Ou o acordar da alma é que é?


Lavoura Arcaica

"Meu pai sempre dizia que o sofrimento melhora o homem, desenvolvendo seu espírito e aprimorando sua sensibilidade; ele dava a entender que quanto maior fosse a dor tanto ainda o sofrimento cumpria sua função mais nobre; ele parecia acreditar que a resistência de um homem era inesgotável."


Poema em Prosa

É a prosa gerada pelo impulso poético, tendo na essência liberdade formal a atrelada à concisão. O poema em prosa consegue desfrutar da crítica, da narração aos fatos diários e da regularidade de expressão.
A característica marcante está na brevidade e, ainda, na exceção à quebra de versos e no uso das mesmas figuras de linguagem comuns à poesia.
Embora se utilize dos recursos da poesia, se afasta da prosa poética por apresentar ritmo, harmonia e dissonâncias em todo o tempo. No recurso da brevidade, o poema em prosa marca pelo uso frequente de elipses e cortes brusco.

Exemplo


Illuminations, de Arthur Rimbaud

   Marotos muito sólidos. Vários exploraram vossos mundos. Sem necessidade, e sem pressa de aplicar suas brilhantes faculdades e seus conhecimentos de vossas consciências. Que homens maduros! Seus olhos embotados deverão ser como as noites de verão, negros e vermelhos, de três cores, de aço picotado por estrelas de ouro; fácies disformes, de estanho, lívidas, incendidas; grosseiras galhofas! O avanço cruel dos ouropéis! – Há alguns jovens – que achariam de Cherubino? – dotados de vozes apavorantes e de alguns apetrechos perigosos. Costumam mandá-los se virar na cidade, pavoneando um luxo degradante.





ALGUNS POEMAS LÍRICOS DE FORMA FIXA 

     Chama-se lírica a poesia que fala sobre sentimentos e emoções. Recebeu este nome, porque os poemas eram cantados ao som da lira na Antiga Grécia. Os gregos uniam a poesia ao instrumento musical, geralmente a lira, por isso, somente cantavam composições poéticas. Então musa poética e musa da música se identificavam. O gênero lírico expressa a subjetividade sentimental do artista. Existem poemas que apresentam sempre o mesmo número de versos e estrofes. Estes são chamados de poemas de forma fixa. 





Citamos apenas alguns.

ACALANTO é uma cantiga para embalar crianças.

Deita, filho
E constrói teu sono
O medo já vem
Fecha os olhos dos ouvidos
Faz escuro aos ruídos
Amortece o brilho desse som.
A angústia gira muda
No longplei sem sulcos
Da noite sem insônia
Dorme filho
Faz silêncio na Amazônia.

Millôr Fernandes 



ACRÓSTICO, poema em que letras dos versos (mais usado as primeiras letras dos versos) no sentido vertical formam o nome de pessoa ou uma frase ou apenas uma palavra.

Menina

Menina de serenos olhos,
Amiga daqueles que te rodeiam.
Refletes nas tuas perfeitas feições
Todo o puro, verdadeiro e sincero
Amor de tua alma-criança. 


Festejo cada encontro nosso,
Recolho cada palavra de carinho,
Imagino cada emoção sentida...
Elevo o pensamento aos céus,
Depois da cada dia vivido,
Respeitosamente pedindo a tua felicidade.
Impresso na foto está o teu rosto sorridente
Colocado no porta-retrato da mente,
Habituando-me eu, assim, à tua presença. 


Busco compreender os vôos inquietos da tua fantasia,
Riqueza permitida apenas ao mundo-criança.
Agrada-me saber que tens sonhos
Unicamente, porque aqueces os corações
Neles penetrando com a força de teu carinho.

Mardilê Friedrich Fabre 



DÉCIMA, improviso com canto lento, próximo a uma declamação, com estrofes de 10 versos. A décima era uma estrofe da literatura clássica na Europa do século XV e XVI e, segundo a maioria dos autores, veio para a América pelos colonizadores e aqui ganhou força especialmente no canto improvisado. Sua estrutura é a seguinte: rima abbaaccddc, com versos setissílabos ou octossílabos.

As obras da natureza
São de tanta perfeição,
Que a nossa imaginação
Não pinta tanta grandeza!
Para imitar a beleza
Das nuvens com suas cores,
Se desmanchando em louvores
De um manto adamascado,
O artista, com cuidado,
Da arte, aplica os primores.

Ugolino do Sabugi 



   Sua potencialidade poética é tão grande que pode ser vista como um poema. A décima exige que o vate coloque um assunto por inteiro em dez versos. O tema tem que ter início, meio e fim. Mesmo que um poema possua várias estrofes, cada uma delas precisa desenvolver uma idéia completa. Ao seguir o mesmo tema, o decimista tem que encontrar outra visão sobre ele e desenvolvê-la totalmente. Algumas décimas apresetnam o mote, que é uma sentença ou pensamento, formado de um ou dois versos, com que se finalizam as estrofes.

Ao pé do monte Calvário,
Jesus chorava e gemia!

Junto de dois malfeitores,
Via-se um pobre moribundo:
Era o Salvador do mundo,
Senhor de todos senhores!
Refúgio dos pecadores,
De quem sofre nostalgia!
Se quisesse, sairia
Daquele estado precário:
Ao pé do monte Calvário,
Jesus chorava e gemia! 
ELEGIA, composição lírica inspirada por algum acontecimento triste, como uma morte ou uma despedida. A elegia, assim como a ode, tem forma variável. A elegia surgiu na Grécia Antiga. Na literatura grega e latina, era composta em dísticos (estrofe de dois versos).

Elegia crepuscular

A morte chegou
e arrebatou-te
sem teres tempo de te opores
Sabiamente soubeste
alegrar a tua existência
e
num longo adeus
deixtaste o espaço azul
e foste para o país do sonho
Nem tempo tiveste de pôr em prática
os sonhos que te banhavam
Adeus viajante do tempo 





EPIGRAMA, dito espirituoso, breve e incisivo, que pode ter forma poética. Esta composição poética era comum entre os escritores da antiga Roma. Os epigramas têm muitas vezes um caráter satírico. Bocage tornou-se célebre pelos seus epigramas cômicos e satíricos, como, por exemplo: 

Aqui jaz um homem rico
Nesta rica sepultura:
Escapava da moléstia,
Se não morresse da cura. 


EPITÁFIO, em geral, são versos escritos em túmulos para homenagear pessoas ali sepultadas, mas figuradamente podem ser dirigidos a outros seres.

Aqui jaz o Sol
Que criou a aurora
E deu luz ao dia
E apascentou a tarde

O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou.

Aqui jaz o Sol
O andrógino meigo
E violento, que

Possuiu a forma
De todas as mulheres
E morreu no mar.

Vinicius de Morais 



HINO, poema ou cântico composto para glorificar deuses ou heróis, canto solene em honra da pátria e/ou de seus defensores, com refrão (estribilho). Exemplo: Hino Nacional, Hino Rio-Grandense, Hino à Bandeira, cuja letra é de Olavo Bilac. O hino é originário da Grécia, onde era entoado em honra aos deuses. É hoje manifestação lírica subjetiva que se pode dedicar a seres humanas e acontecimentos que se quer comemorar. 




HAICAI é um poema de forma fixa de origem japonesa. Foi no século XX que começou a ser praticado no Brasil. O haicai é um poema pequeno de apenas três versos, que segue algumas normas: a) o 1º e o 3º versos são redondilhas menores (5 sílabas) e o 2º é uma redondilha maior (7 sílabas), com 17 sílabas métricas ao todo; b) os versos podem ser rimados ou não; c) fala direta ou indiretamente sobre a natureza, representada pelas estações do ano; d) reflete um momento vivido pelo poeta; e) linguagem simples; f) não tem título 

Manhã cor de cinza, 
a geada cobre os campos. 
Verde esmaecido.

Mardilê Friedrich Fabre 



MADRIGAL, como composição lírica, manifesta um sentimento subjetivo; pela espécie de sentimento, expressa um galanteio dirigido à formosura da mulher; pelo tratamento, é gracioso e leve. Exprime um pensamento fino, terno ou galante e que, em geral, se destina a ser musicada. O madrigal aborda assuntos heróicos, pastoris e até libertinos.

Madrigal

Dormias, Márcia, e eu vi Cupido ansioso
Já dum, já do outro lado
Querer furtar-te um beijo gracioso,
Que tu, a cada arquejo descansado,
Na linda boca urdias.
Graciosíssimo, oh! Márcia!... Não sabias
Como o nume girava de alvoroço.
Escondendo-lhe o jeito
De o dar do melhor lado. Eu vim, e dei-to
Bem na boca, e logrei o esperto moço.

Francisco Manuel do Nascimento 



ODE, cujo sentido grego é canto, poema lírico de forma complexa e variável, exprime alegria e entusiasmo. Surgiu na Grécia Antiga, onde era cantado com acompanhamento musical. A ode caracteriza-se pelo tom elevado e sublime com que trata determinado assunto.

Ode

Eu nunca fui dos que a um sexo o outro
No amor ou na amizade preferiram.
Por igual a beleza apeteço
Seja onde for, beleza.

Pousa a ave, olhando apenas a quem pousa
Pondo querer pousar antes do ramo;
Corre o rio onde encontra o seu retiro
E não onde é preciso.

Assim das diferenças me separo
E onde amo, porque o amo ou não amo,
Nem a inocência inata quando se ama
Julgo postergada nisto.

Não no objecto, no modo está o amor
Logo que a ame, a qualquer cousa amo.
meu amor nela não reside, mas
Em meu amor.

Os deuses que nos deram este rumo
Também deram a flor pra que a colhêssemos
com melhor amor talvez colhamos
O que pra usar buscamos.

Fernando Pessoa (Ricardo Reis) 



SONETO, pequena composição poética composta de 14 versos, com número variável de sílabas, sendo o mais freqüente o decassílabo, e cujo último verso (dito chave de ouro) concentra em si a idéia principal do poema ou deve encerrá-lo de maneira a encantar ou surpreender o leitor. Dentre os poemas de forma fixa, é o soneto o mais praticado, devido à sua condensação e lógica interna. Ao que tudo indica, o soneto - do italiano soneto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som - foi criado no começo do século XIII, na Sicília. Alguns atribuem a Jacopo (Giacomo) Notaro, um poeta siciliano e imperial de Frederico, a invenção do soneto, que surgiu como uma espécie de canção ou de letra escrita para música, possuindo uma oitava e dois tercetos, com melodias diferentes. Francesco Petrarca aperfeiçoou a estrutura poética iniciada na Sicília, difundindo-a por toda a Europa em suas viagens. 

Rua dos Cataventos I

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
verde!... e que leves, lindas filigranas
desenha o sol na página deserta! 


Não sei que paisagista doidivanas
mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
vai colorindo as horas quotidianas 


Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem... 


Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

Mário Quintana 




QUADRA, forma poética escrita, constituída de quatro versos rimados normalmente 2º com o 4º versos. Vem desde os séculos XI e XIV, quando os poetas portugueses já imitavam a poesia provençal. O poeta expressa todo o seu pensamento em uma única estrofe, demonstrando o poder da síntese semelhante à trova literária em que a rima é 1º com 3º versos e 2º com o 4º. A quadrinha popular lusa é um poema de uma só quadra, setissílaba. No Brasil, é poema de forma fixa com rigores, unânimes, baixados pelas casas trovadorescas, como no ritmo, na métrica e na exigência de mensagem completa, sem o que seria apenas uma estrofe. É o mais curto poema que apresenta todos os requisitos básicos e de métrica

Coração que bate-bate...
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer.

Mário Quintana 



Enviado por Mardilê Friedrich Fabre em 07/10/2006
Para:http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/258607
******

Fontes:
  Luana Castro Graduada em Letras  http://brasilescola.uol.com.br/literatura/generos-literarios.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/os-generos-literarios.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/linguagem-literaria.htm
http://portaula-vini.blogspot.com.br/2010/03/tipos-de-textos-literarios.html
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/258607
ALMEIDA, Silas Leite de. Curso prático de português. Belo Horizonte: Vigília, 1971.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 46. ed. São Paulo: Nacional, 2005.
http://www.sonetos.com.br/escrever.php Acesso em: 20 maio 2006.
http://www.bahai.org.br/cordel/generos.html Acesso em: 22 maio 2006.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 
https://www.todamateria.com.br/prosa


Pesquisa e organização da postagem: Profª Lourdes Duarte.

Bons estudos!

8 comentários:

  1. Gostei bastante das informações partilhadas!

    r: Muito obrigada :)

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  2. Olá, querida Elza!

    Todos os posts aqui publicados têm imenso interesse para professores, alunos e pessoas que gostem de aprender, contudo, acho que se dá muita informação, de uma vez só e como tu sabes, a nossa atenção, em geral, não consegue durar muito tempo. Quando lemos um texto, e se ele for mega interessante, então, a atenção não se cansa, contudo se for um texto banal, se lê o princípio com atenção, o meio, quase já noutra (rs) e o final se ouve, se ele for apelativo.

    Qdo alguém está ouvindo um orador, ele tem que ter um grande poder de Oratória, caso não, as pessoas só ouvem/escutam os primeiros cinco minutos. Depois, a atenção vai embora para outros campos, portanto, é preciso dosear e saber aliciar.

    Eu li tudo, tudinho, mas eu tenho formação académica superior em Língua Portuguesa, e portanto, foi com muito interesse e prazer que o fiz.

    Grata por tua presença em meu blogue. Hoje ou amanhã, haverá nova postagem lá. Prosa, imagina!

    Beijos e um excelente fim de semana.

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    Respostas
    1. Amiga, obrigada pelas informações importantes que nos deu. Como esse blog, pode servir como um espaço virtual para estudo e pesquisas e as postagens são semanais, procuramos organizar de forma clara os conteúdos. Acreditamos que os exemplos servem para facilitar a compreensão do enunciado de cada tópico. Obrigada , nos próximos iremos lembrar das suas dicas. Com certeza iei apreciar sua bela postagem. Abraços, fica na paz de Deus. Volte sempre.

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  3. Olá, querida Elza! Fantástico, seu blog é composto de várias aulas completas, online! Só não aprende quem não quer. Está tudo explicado, com exemplos...perfeito! Não há dúvidas aqui.
    Querida amiga Elza, não posso deixar de agradecer seu comentário tão carinhoso deixado no meu blog! Há uma sintonia na Internet que é super positiva. Estamos todos juntos pela mesma causa: escrever, ler, enfim, postar coisas que gostamos, compartilhar o que há de bom. Continue com seu belo trabalho, sempre.
    Grande beijo, carinho.

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  4. nossa, aprendi muito ao passar por aqui.
    uma aula incrível, preciso voltar novamente aqui e reler este texto para firmar este conhecimento.
    muito obrigada pela aula .
    grande abraço e um feliz fim de semana !!
    :o)

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  5. Olá, Elza.

    Continuamos aprendendo, degustando desse celeiro de informações pertinentes e relevantes. Cultura e mais cultura sempre!

    Um abraço e uma boa semana.

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  6. Gostei muito do seu blogue do que li até agora, pela possibilidade que nos dá de rever conhecimentos e aprender, já me tornei seguidora e vou levar o link para o meu blogue para depois voltar com mais tempo
    um beijinho e uma boa semana
    Gábi

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