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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Sotaque – O que é? e DIALETOS BRASILEIROS

Sotaque – O que é?

     Alguma vez você já ouviu alguém falar que você tem um sotaque engraçado? E você entendeu o que ela quis dizer? Você sabe direitinho o que é um sotaque? Se não sabe, não se sinta mal. A hora de aprender é agora!
Todo mundo possui sotaque, porque o sotaque é nada mais que a maneira como nós falamos, como nós pronunciamos as palavras. Pessoas de lugares diferentes falam de formas diferentes, e por isso elas possuem sotaques diferentes.
Os vários sotaques do Brasil.

    O nosso Brasil é um país muito grande, e por isso é muito difícil as pessoas de uma região terem contato com outra região. Assim, cada região acaba criando o seu próprio sotaque, a sua própria maneira de falar.

   Você já deve ter percebido que o sotaque de um paulista é diferente do sotaque de um nordestino, certo? Os paulistas puxam o “r”, falam “porrrrta”, enquanto os nordestinos costumam falar arrastado, quase como se estivessem cantando.

    Cada região tem o seu sotaque específico, e quando ouvimos uma pessoa falar é bem fácil identificar se ela é do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, da Bahia, de Pernambuco, do Pará… Cada lugar é um sotaque diferente.
Outra diferença de sotaque bem comum é entre pessoas que vivem em grandes metrópoles e pessoas que vivem no interior de seus estados. Geralmente, apesar de viverem perto e na mesma região, essas pessoas ainda possuem sotaques diferentes.
É importante lembrar que não existe sotaque mais bonito nem mais feio, melhor nem pior. Todos os sotaques são únicos, eles expressam a cultura e a história da região, e por isso não devem ser comparados com o intuito de achar superioridade em algum.


A história dos sotaques brasileiros

   Além da grande extensão do território, a diferença dos sotaques brasileiros também pode ser explicada pela história. Nosso país foi destino de várias correntes imigratórias que vieram de vários países diferentes, principalmente da Europa.

    Portugueses, italianos, holandeses, alemães… eles vieram para nosso país e se estabeleceram em lugares diferentes. Os italianos, por exemplo, ficaram principalmente no sul, e por isso o sotaque das pessoas do sul do Brasil se assemelha com o sotaque italiano.

   O Rio de Janeiro foi a sede da corte portuguesa no Brasil, e por isso o sotaque de lá é mais parecido com o de Portugal. No norte houve pouca imigração, então a maior parte do sotaque vem dos índios.



    As origens dos sotaques brasileiros estão na colonização do país feita por vários povos em diferentes momentos históricos. O português, como se sabe, imperou sobre os outros idiomas que chegaram por aqui, mas sofreu influências do holandês, do espanhol, do alemão, do italiano, entre outros.
Além disso, havia diferença no idioma português falado entre os colonizadores que chegavam aqui, vindos de várias regiões de Portugal e em distintas décadas. "Os portugueses vinham em ondas, em diferentes épocas. Por isso, o idioma trazido nunca foi uniforme", explica Ataliba Teixeira de Castilho, linguista e filólogo, consultor do Museu da Língua Portuguesa e professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).

   Os primeiros contatos linguísticos do português no Brasil foram com as línguas indígenas e africanas. "A partir do século XIX, os imigrantes europeus e asiáticos temperaram essa base portuguesa, surgindo o atual conjunto de sotaques", diz o professor Ataliba.

   É só reparar o sotaque e a região para lembrar os vários imigrantes que contribuíram para a história do país. No Sul, os alemães, italianos e outros povos vindos do leste europeu. No Rio Grande do Sul, acrescenta-se a estes a influência dos países de fronteira, de língua espanhola. São Paulo e sua grande comunidade italiana, misturada a pessoas vindas de várias partes do Brasil e do mundo; Pernambuco e os holandeses dos tempos de Mauricio de Nassau. Os exemplos são muitos e provam que os sotaques são parte da história da formação do país.

    Por isso mesmo, não se pode dizer que haja um sotaque mais "correto" que outro. "Quem acha que fala um português sem sotaque, em geral não se dá conta de que também tem o seu próprio, já que ele caracteriza a variação linguística regional, comum a qualquer língua", afirma o professor.


 DIALETOS do Brasil

    Dialeto é a linguagem peculiar de alguma região, a variação regional de determinada língua. Devido a alguns fatos históricos e ao vasto território do nosso país, o português brasileiro possui diversas diferenças dialetais, inclusive no léxico, porém, surpreendentemente mantém uma norma unificada proporcionando a manutenção de uma mesma língua em todo o país.

    Há algumas controvérsias com relação à organização das zonas dialetais brasileiras, até porque há bastantes variantes em determinadas áreas, impedindo, portanto, de se estabelecer uma “zona” dialetal. Contudo, podemos tentar fazer uma divisão entre as variações mais evidentes.

   O que ocorre, também, é uma insuficiência das informações completas sobre as diferenças no léxico, na fonética, etc, para que se possa fazer uma divisão precisa entre as variantes regionais do falar brasileiro. Mas podemos ousar dividir os dialetos do português brasileiro em dois grupos: o do NORTE e o do SUL, e dentro destes grupos definir suas principais variedades.
NORTE: amazônica e nordestina.

SUL: baiana, fluminense, mineira e sulina.

Vale ressaltar que no Nordeste brasileiro há diversos dialetos, que, junto com os dialetos amazônicos constituem o chamado português brasileiro setentrional.

Vejamos algumas outras variedades do português brasileiro:


Dialeto nortista (amazofonia): falado pelos habitantes da região norte do país, ou seja, pela região amazônica, abrangendo os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e parte do Pará.

   Dialeto sertanejo: falado nas regiões do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e parte de Minas Gerais.


   Dialeto Sulista: falado na região sul do país, abrangendo principalmente os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Alguns estudiosos incluem também alguns estados do sudeste e centro oeste.


    Dialeto baiano (baianês): falado na região geográfica que abrange o estado da Bahia, além de Sergipe, norte de Minas Gerais, leste de Goiás e Tocantins.

    Uma observação importante é que o chamado dialeto baiano, embora se encontrando na região nordeste, tem influência sobre outras áreas vizinhas como Minas Gerais, Goiás e Tocantins, sendo, portanto, considerado por alguns como parte dos dialetos sulistas. Este termo talvez não seja o mais adequado, já que difere muito dos dialetos do sul do país, fato que leva alguns estudiosos a criarem o termo centro-sulista para designar este dialeto.


  Dialeto nordestino: falado nos estados do Nordeste, porém com claras subdivisões e variações entre estados, regiões ou até mesmo cidades. Contém, contudo, características bem semelhantes e por isso se mantém em um mesmo grupo.

  Outros dialetos, pertencentes a áreas menores, podem ser distinguidos, por possuírem características próprias no seu falar:
Dialeto interiorano: regiões agreste e sertão do nordeste. caracterizado por apresentar forte som em /di/ e /ti/.


Dialeto Mateiro: zona da mata. Parecido com o dialeto interiorano, porém a maneira de falar é “mais rápida”.
Dialeto Recifense: região metropolitana do Recife. Possui as características das duas anteriores, porém a palatalização das fricativas ocorre antes de todas as consoantes.


   Dialeto Florianopolitano (manézinho): Florianópolis, SC. O falar é uma junção do português açoriano com o português madeirense, sofrendo influência do falar indígena.

Dialeto Carioca: região metropolitana do Rio de Janeiro. O falar traz muitas características do português lusitano, como o “s” chiado e o uso das vogais mais abertas mesmo em contextos que favorecem o fechamento da mesma.
Dialeto brasiliense (candango): Cidade de Brasília e região metropolitana. É um dialeto mais neutro, uma mistura dos demais, decorrente da grande migração ocorrida para esta cidade durante a sua construção.É considerado por muitos como um “sotaque branco”.


Dialeto cearense: falado no estado do Ceará. Possui variações internas, mas se caracteriza basicamente pelo uso do pronome “tu” com maior frequência em vez de “você”, além de características em comum com os demais dialetos nordestinos. Possui também muitas particularidades em seu léxico.

Dialeto gaúcho: falado no Rio Grande do Sul e em parte do Paraná e de Santa Catarina. É caracterizado por particularidades em seu léxico, influências do italiano, espanhol e alemão. Quanto aos aspectos fonéticos possui também diversas características particulares, podendo ser facilmente distinguidos entre os demais dialetos brasileiros.


Dialeto Mineiro (montanhês): região central de Minas Gerais. Facilmente distinguível dos demais dialetos brasileiros, principalmente pelas características fonéticas bem particulares.

Primeiramente, cabe uma observação a respeito dos termos: sotaque e pronúncia. Sotaque se define por nuances que envolvem, entre outros aspectos, ritmo, acento, timbre, e não deve sofrer avaliações do tipo certo ou errado. 
  O sotaque varia conforme as regiões e, até mesmo, conforme os grupos sociais. Pode ser, inclusive, escolha do falante, já que somos capazes de imitar os sotaques de regiões ou grupos a que não pertencemos originalmente. Somos, igualmente, passíveis de {adoptar|adotar}, mesmo involuntariamente, um determinado sotaque devido a uma convivência intensa com falantes de outras regiões ou por nos deslocarmos para outra região que não aquela em que vivemos por mais tempo e que caracterizava nosso modo de falar.


    Pronúncia é um termo usado com frequência para nos referirmos ao modo de articulação próprio dos fonemas-padrão de cada língua. Fazendo a diferença entre os fonemas, propriamente ditos, que são distintivos, já que o uso de um ou de outro implica mudança de significado nas palavras em que estão inseridos, como é o caso de caro e carro.

Aproveito o exemplo dado pela consulente para ilustrar minhas afirmações.
As distribuições sistematizadas do som da letra r em português podem ser:
fraco, forte e posvocálico. Essas distribuições são inerentes à língua portuguesa, mas podem ter realizações ligeiramente diferentes conforme a região de origem de quem fala. Consideremos quatro regiões: Belo Horizonte (BH), Rio de Janeiro (RJ), Interior (I) e Portugal (P — Lisboa).

   O som fraco, como em caro e prato, realiza-se do mesmo modo nas quatro regiões.
O som forte, como em carro, rua e Israel, realiza-se BH = RJ, mas com a possibilidade de alofones diferentes, sendo em BH aspirado e no RJ quase "nulo"; e I = P com a possibilidade de alofone vibrante múltipla.
O som posvocálico, como em corda, porta e mar, realiza-se em cada uma dessas regiões de um modo diferente, sendo que os alofones também variam muito; no RJ há quase uma anulação total, por isso, os portugueses imitam os cariocas dizendo "vou falá", "o má", etc. Em P o som posvocálico se iguala ao som fraco, sendo que em seu alofone realizado em fim de palavra, como em mar, ocorre "acréscimo" de um fonema vocálico [e] que torna-se também objeto de brincadeiras entre os falantes da variedade brasileira.
Voltando à questão inicial, não há sotaque "mais correto", e é interessante que haja toda essa diferença entre uma pronúncia "arrastada" e uma outra aspirada, por exemplo.

   A diversidade, seja ela de que natureza for, abre espaço para trocas produtivas entre grupos e indivíduos, como as partilhas que fazemos neste site, à distância, ou como as que se pode fazer a cada dia entre os colegas de trabalho.

Deixo, porém, duas citações de estudiosas da área a título de reflexão sobre a instituição de um sistema-padrão em termos fonológicos:
«Que pronúncia, que variante tomar como base, como modelo? A dos grandes centros urbanos (que não são tantos e são tão diferenciados), a da classe social mais privilegiada, que representa uma minoria em nosso país?» (Callou & Leite, 2000:46).

«A linguagem-padrão vem a ser apenas uma variedade entre muitas, embora uma variedade particularmente importante, pois atua como uma das forças contrárias à variação. Não existe nenhum aspecto inerente nas variantes não-padrão que as torne inferiores» (Callou & Leite, 2000:96).
E ainda:
«No que respeita à realização de uma língua em diversas regiões (à sua distribuição geográfica), as variedades regionais, ou dialectos, têm idêntico estatuto linguístico. Assim, o termo "dialecto" não refere uma forma diferente (ou desprestigiada) de falar uma língua, mas sim a forma de falar uma língua conforme a região a que pertence o falante» (Mateus & Villalva, 2006:75).

OBS: Para a terminologia usada, servi-me daquela usada em: Silva, Thaïs Cristófaro. Fonética e Fonologia do Português. São Paulo: Contexto, 2003.

Fontes: http://www.infoescola.com/linguistica/dialetos-brasileiros/
https://novaescola.org.br/conteudo/2526/como-surgiram-os-diferentes-sotaques-do-brasil
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/sobre-o-sotaque-no-brasil/21648

https://www.estudokids.com.br/sotaque-o-que-e/


Pesquisa e organização da postagem: Professoras: Lourdes Duarte e Elza Interaminense

4 comentários:

  1. Interessante esse passeio pelos sotaques do Brasil..Adoro ouvir os sotaques nordestinos! beijos, chica

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  2. Olá, Elza.

    Os sotaques e dialetos só explicitam nossa diversidade, a pluralidade regional que enriquece nossa singular cultura, mosaico de etnias, saberes e tradições que nos fazem um só Brasil. Viva a igualdade feita do respeito às diferenças!

    Um abraço.

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  3. oi Elza tudo bem?
    acho que o sotaque no Brasil , é mais uma de nossas riquezas culturais.
    sou Fã do nosso país e acho tudo isso muito maravilhoso. Sinal que esta terra acolheu a todos, sem distinção.
    Senão os sotaques não teriam surgido. e isso é maravilhoso. Ainda bem que as pessoas estão valorizando mais isso . Teve uma época que por causa da televisão, essencialmente carioca, julgava que este sotaque vindo do Rio de Janeiro era um padrão.
    Não há padrão . e isso que é o maravilhoso , você não acha?
    aqui no Paraná onde moro, tem variações conforme a região também.
    por aqui o "leitE quentE dá dor dE dentE na boca da gentE !!!
    com a pronúncia do E enfático no final de cada palavra, diferente de de alguns lugares onde se diz leitchi ...
    por causa da influência dos imigrantes também se diz por aqui , caroça ao invés de carroça, som que os imigrantes não pronunciavam corretamente os dois rr .
    então vira caroça, carossel e caretel !!
    é muito bacana não acha?
    adorei seu post, sempre leio com tempo e cuidado para não deixar passar nada.
    grande abraço.
    :o)

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  4. Riquíssima essa postagem. Foi de fato, um passeio pelos dialetos que nos acrescentou grandes conhecimentos. Valeu!!!
    Beijos carinhosos!

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